Dois jornalistas franceses da RFI (Radio France Internacional) sequestrados no Mali, na África, foram encontrados mortos, informou neste sábado (2) o ministério das Relações Exteriores em Paris. A chancelaria afirmou que já começou a buscar as circunstâncias das mortes.
— Claude Verlon e Ghislaine Dupont, jornalistas da RFI, foram achados mortos no Mali, após seu sequestro em Kidal por um grupo armado. Os serviços do Estado francês, de maneira conjunta com as autoridades malienses, fazem tudo em seu poder para esclarecer, o mais rapidamente possível, as circunstâncias de seu óbito.
A RFI recordou as virtudes dos jornalista mortos no país africano.
— Ghislaine Dupont, 57 anos, era uma jornalista apaixonada por sua profissão e pelo continente africano, o qual cobria desde que entrou para a rádio, em 1986.Claude Verlon, 55, técnico de reportagem da RFI desde 1982, era um veterano homem de campo, acostumado a missões difíceis em todo o mundo.
A RFI informou que Dupont e Verlon foram sequestrados por homens armados às 13h local (11h de Brasília) diante da residência de Ambéry Ag Rhissa, um representante do Movimento Nacional para a Libertação do Azawad (PMNLA, rebelião tuareg), que pretendiam entrevistar.
Ag Rhissa disse que "escutou um barulho suspeito fora e casa e ao abrir a porta viu os sequestradores empurrando os jornalistas para dentro de uma caminhonete bege".
Os sequestradores "usavam turbantes e falavam tamachek", a lingua dos Tuaregue. Eles forçaram Ag Rhissa a entrar na residência e "fizeram o motorista se deitar no chão".
Segundo o motorista, os dois jornalistas protestaram e tentaram resistir, sem sucesso.
Outras testemunhas informaram à RFI que os sequestradores seguiram de carro em direção a Tin-Essako, a leste de Kidal.
O presidente francês, François Hollande, manifestou sua "indignação" com a morte dos dois jornalistas e convocou uma reunião para a manhã deste domingo com os ministros "para estabelecer exatamente como ocorreram os assassinatos".
Hollande e o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keïta, mantiveram uma conversa por telefone na qual afirmaram sua determinação de prosseguir com o "combate comum contra o terrorismo".
Os dois chefes de Estado "destacaram sua vontade de prosseguir, sem descanso, com sua luta contra os grupos terroristas que permanecem no norte do Mali", segundo comunicado da presidência francesa.
Ibrahim Boubacar Keïta apresentou a Hollande "as condolências do povo do Mali diante do assassinato dos jornalistas da RFI Ghislaine Dupont e Claude Verlon", e os dois concordaram que "homicídios odiosos como o de hoje em Kidal só reforçam a determinação dos dois países em prosseguir e vencer a guerra comum contra o terrorismo", destaca o comunicado.
O Exército francês intervém desde janeiro no Mali, de onde expulsou os grupos islamitas armados que ocupavam o norte do país.
França, Mali e a Minusma, a força de paz da ONU no Mali, colocaram em andamento uma operação conjunta no país há uma semana para evitar um ressurgimento dos movimentos terroristas.
O Alto Conselho para a Unidade do Azawad (HCUA, notáveis tuaregues) condenou "com a máxima energia o assassinato dos dois jornalistas da RFI ocorrido neste sábado em Kidal" e apresentou "suas condolências às famílias das vítimas e à Nação francesa".
Os dois jornalistas haviam saído de Bamako na última terça-feira e estavam em Kidal, a 1.500 km, preparando um programa especial da RFI sobre o Mali, que seria transmitido na próxima quinta-feira.
Esta era a segunda missão da dupla em Kidal, um feudo tuaregue e de seus rebeldes do movimento MNLA, situado na zona de fronteira com a Argélia. Em julho passado, os dois jornalistas cobriram em Kidal o primeiro turno das eleições presidenciais no Mali. Foto: AFP//Fonte: AFP
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