A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, anunciou nesta terça-feira 19 que vai apurar o caso do juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da Justiça Federal de Goiás. O magistrado renunciou ao processo do caso do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O juiz alegou receber ameaças contra ele e sua família.
O juiz Paulo Augusto Moreira Lima era substituto da 11ª Vara Federal em Goiás, onde era responsável pelo processo envolvendo Carlinhos Cachoeira. Seu substituto será o juiz Leão Aparecido. Paulo Lima foi transferido para a 12ª Vara Federal em Goiás.
O substituto de Paulo Lima é alvo da investigação da Corregedoria Nacional de Justiça. Interceptações da Polícia Federal identificaram um telefonema originado de um número do magistrado para uma pessoa acusada de envolvimento com a quadrilha investigada no processo.
Segundo Eliana Calmon, Leão Aparecido confirmou a um juiz auxiliar da Corregedoria Nacional a existência do telefonema e disse que, na ocasião, seu telefone estava emprestado a sua mulher.
"Se a interceptação telefônica indicar qualquer envolvimento de alguém íntimo do juiz Leão Aparecido, como sua esposa, com algum envolvido com a quadrilha o juiz não poderá estar à frente das investigações", disse a corregedora.
O ministro Ayres Britto, presidente do STF e do CNJ, classificou como de "gravidade qualificada" o caso do juiz federal de Goiás. "É um caso de gravidade incomum; na linguagem jurídica, de gravidade qualificada", disse o ministro. "Não se pode ameaçar, do ponto de vista da integridade física e nem moral ou psicológica, nenhum julgador. Muito menos o julgador e sua família", completou Ayres Britto.