Fotografia deslumbrante, cenários e caracterizações perfeitas, direção de arte, figurino, maquiagem, do que tem de melhor. Estamos em 2012, época do HD e de exportação de novelas para o gosto americano do prêmio Emmy. O primeiro capítulo de Gabriela – estreia desta segunda – apresentou o melhor que a Globo podia destinar a uma superprodução. E só por isso distancia-se cada vez mais de uma comparação com a versão original da novela, de 1975, a que lançou Sônia Braga e imortalizou sua Gabriela no inconsciente coletivo do brasileiro. Aqueles eram outros tempos e a TV tinha uma estética completamente diferente.
Mas o principal motivo para evitar comparações está no texto: é uma nova adaptação do livro de Jorge Amado – por Walcyr Carrasco – e não um remake da novela dos anos 70, adaptada na ocasião pelo saudoso Wálter George Durst. A Gabriela de Juliana Paes pouco teve para mostrar, além de olhares lânguidos da atriz e a estética barrenta da personagem. O resto do elenco é bom, mas Humberto Martins pareceu falar árabe em algumas cenas, em que não se fez entender pela dicção. Ivete Sangalo não fez feio como se esperava. Mas isso não quer dizer que fez bonito. Talvez o fato de Maria Machadão ter cantado logo no primeiro capítulo seja mesmo para lembrar que Ivete é cantora, e não atriz (pelo menos por enquanto).
O único detalhe que destoa da obra é o Bataclan glamurizado na Ilhéus da década de 1920: lembrou um Moulin Rouge na Chicago dos gangsters. Woody Allen teria gostado. O Bataclan chamou mais a atenção do que a própria personagem-título.
Vamos torcer para que Carrasco seja feliz em sua adaptação, afinal o horário pede algo mais do que suas comédias das seis e sete horas cumpriam. Todos no fundo esperam por um Adamo Angel – a persona que Carrasco assumiu quando escreveu a inspirada Xica da Silva.
Segundo a assessoria da Rede Globo, o primeiro capítulo de Gabriela deu audiência prévia de 30 pontos no Ibope. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo. Foi tudo muito bonito nessa estreia, apresentado num ritmo bom, envolvente. E tem muita coisa para ser vista ainda, afinal sabemos que a história de Jorge Amado é boa. Do Blog do Nilson Xavier
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