Fernando Prass se identificou bastante com Lima. Tomou conhecimento de que, há anos e anos, uma gingantesca Muralha defendeu a capital peruana de ataques rivais. O goleiro espera fazer valer novamente no local esse conceito, de ser intransponível, de proteger. A Muralha da Colina, como é chamado pela torcida, desde 2009, sabe bem a importância que suas defesas vem fazendo para que o Vasco siga vitorioso em grande parte das recentes batalhas.
– Chegar a um local que tem uma muralha que protegeu tanto a cidade... Muito legal. Tem a da China também. Minha referência é sempre essa, que muralha é para proteger mesmo.
O confronto desta noite é um dos mais importantes da Libertadores. Afinal, caso o Vasco consiga uma vitória, dependendo de jogo entre Libertad e Nacional, a vaga está garantida (ver quadro). Não será Prass que fará gols que o time tanto precisa. Mas a segurança que dá na retaguarda...
– A profissão de goleiro é única. Fiz defesas esse ano que passaram despercebidas, pois ganhamos por 3 ou 4 a 0. Mas, se não fosse por aquela defesa, a história poderia ser diferente. Mas que continue assim. Desta forma a torcida começou a me chamar de Muralha da Colina – destacou Prass.
O apelido realmente pegou. Surgiu com uma musiquinha cantada pela torcida. Santo tem muito por aí, lembra ele. Prass diz fazer mais o perfil de Muralha, que não dispõe de milagres, mas é sinônimo de segurança, assim como séculos atrás aconteceu com Lima.
– Ganho diversos presentes, desenhos, cartas, todos me chamam de muralha. Gosto do apelido, pegou, mas tenho que fazer valer isso tudo em campo – destacou a Muralha da Colina.
Jogo de número 200 passou despercebido
Mais do que o próprio goleiro passa despercebido em alguns jogos, apenas a marca que ele atingiu recentemente pelo Vasco. Chegou ao jogo de número 200 com a camisa cruz-maltina, mas tinha que ser justamente na partida de despedida do ídolo Edmundo?
Fernando Prass brinca com o fato e espera ter outras marcas de destaque futuramente. E, claro, com maior destaque.
– Acho que há muito tempo um goleiro não atingia essa marca no Vasco. Quando me falaram que eu faria 200 jogos contra o Barcelona, disse que não queria nada. A festa era para o Edmundo. Agora é uma marca que já ficou para trás e vou trabalhar para a próxima – lembrou o camisa 1.
Mesmo sem destaque, o goleiro ganhou a camisa de número 200 e uma placa de Dinamite.
– É algo que valorizo pela materialização, pelo que representa. Marcas como essa são importantes na carreira – lembrou ele.
Bate-Bola
Fernando Prass - Em entrevista ao LANCE! em Lima (PER)
Para você, o que é ser uma “muralha”?
Goleiro é bom quando é discreto, não é muito falado. Uma das características que até admirava em outros era isso. Às vezes você tem uma contribuição fundamental, mas o time perde por 3 a 0. Quero é que o time vença.
Quando a torcida começou a cantar essa música para você?
Foi no começo da Série B. Desde a primeira vez que foi cantada, ficou marcada. A que mais chamou a atenção foi contra o Flamengo. Tinha muita gente no Maracanã e fiz uma sequência de defesas. Tinham uns 80 mil no estádio. Vem a imagem desse jogo quando lembro da música.
E você recebe homenagens com este apelido? Já adotou no seu dia-a-dia?
Fizeram uma camisa em homenagem a isso. Uma foto minha com uma muralha desenhada atrás, como se fosse uma sombra, e um autógrafo com a inscrição “Muralha da Colina”. Crianças fazem cartas com uma muralha no gol. Já recebi uma caricatura de santo também, mas prefiro muralha mesmo.
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