Equipe econômica defende que proposta em debate no STF coloca em risco equilíbrio fiscal das contas públicas
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
De acordo com uma reportagem do Metrópoles, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que seja considerada a inconstitucionalidade do limite para pagamento de precatórios, protocolado durante o governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). O Metrópoles aponta que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) argumenta que o atual sistema de pagamento de precatórios pode gerar um estoque impagável de dividendos. O Ministério da Fazenda estima que o passivo atual é de R$ 95 bilhões. Caso nada seja feito, pode alcançar R$ 250 bilhões em 2027, “o que tornará a solução para o problema praticamente impossível”.
A mudança no pagamento de precatórios solicitado pela AGU valeria tanto para o estoque como também para os dividendos emitidos no futuro. A expectativa do governo Lula é reduzir a pressão sobre o novo arcabouço fiscal, que limita o crescimento das despesas primárias. O ministro Luiz Fux, do STF, é o relator da proposta no STF e os pedidos ainda serão analisados pela Corte. Ainda segundo o Metrópoles, esta manifestação da AGU mostra mudança no posicionamento do órgão, que, sob o governo Bolsonaro, defendeu a constitucionalidade do limite de precatórios. A medida foi aprovada com o intuito de abrir espaço no Orçamento de 2022 para financiar gastos em ano eleitoral e foi apelidada como “PEC do Calote” pela oposição.
De acordo com a própria AGU, a mudança na postura se baseia em uma nota técnica conjunta da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). A nota explica que o pagamento dos precatórios apresenta dificuldades à sustentabilidade fiscal de longo prazo e traz efeitos econômicos negativos, com reflexos sobre a reputação do país. “Embora a dinâmica da Constituição de despesas com sentenças judiciais seja influenciada por variáveis de difícil estimativa, o volume desses passivos não pagos e acumulados a partir da aprovação das Emendas Constitucionais em tela vem criando constrangimentos na defesa da credibilidade das políticas públicas que vêm sendo adotadas para garantir a sustentabilidade fiscal da economia brasileira”, destacou a nota técnica.
A reportagem do Metrópoles também ressalta que além do reconhecimento da inconstitucionalidade, a AGU pede a derrubada dos artigos que autorizam o chamado encontro de contas, uma forma de compensação que permite o uso de precatórios pendentes para quitar dívidas com a União. Para a AGU, o reconhecimento da inconstitucionalidade autoriza o governo federal a abrir crédito extraordinário para quitar o passivo de precatórios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário