Homem faz teste de covid-19 na Índia - Foto: Manish Swarup/AP
A Índia fez a lição de casa e conseguiu derrubar de 100 mil para 11 mil o número diário de novos casos de Covid-19. Só nas últimas três semanas a queda foi de 20%.
A notícia deixou especialistas perplexos porque quando a pandemia se espalhou por lá, houve temores de que afundaria o frágil sistema de saúde do segundo país mais populoso do mundo. A Índia teve 11 milhões de casos e mais de 155 mil mortes
Mas as infecções começaram a despencar em setembro, e agora o país está relatando uma queda de quase 90% nos casos diários, em comparação com a época de pico, em quase todas as regiões da Índia. E não se trata de queda no número de testes. Só Notícia Boa / Correio Braziliense/AgênciaEstado
A procura nos hospitais do país diminuiu nas últimas semanas, outra indicação positiva.
Quando os casos registrados ultrapassaram 9 milhões em novembro, os hospitais de Nova Delhi ficaram lotados, com quase 90% de dos leitos de cuidados intensivos ocupados. Na última quinta-feira, 16% desses leitos estavam ocupados.
Motivos
O governo indiano acredita a queda aconteceu, em parte, pelo uso de máscara, que se tornou obrigatório em público na Índia e quem descumprir, paga multa pesada em algumas cidades.
Outra explicação seria que algumas áreas teriam atingido a imunidade de rebanho. Seriam pessoas que desenvolveram imunidade ao vírus, ao adoecer ou serem vacinadas, disse Vineeta Bal, que estuda o sistema imunológico no Instituto Nacional de Imunologia da Índia.
Uma pesquisa aponta outro possível motivo: mais pessoas foram infectadas nas cidades da Índia do que em vilarejos e que o vírus estava se movendo mais lentamente pelo interior rural.
“As áreas rurais têm menor densidade de aglomeração, as pessoas trabalham mais em espaços abertos e as casas são muito mais ventiladas”, disse Srinath Reddy, presidente da Fundação de Saúde Pública da Índia.
Outra possibilidade é que muitos indianos tenham sido expostos a uma variedade de doenças ao longo de suas vidas – cólera, febre tifóide e tuberculose, por exemplo, são prevalentes – e essa exposição tenha preparado o corpo para montar uma resposta imunológica inicial mais forte a um novo vírus.
O sucesso indiano não pode ser atribuído às vacinações, já que a Índia só começou a administrar vacinas em janeiro.
Alerta continua
E especialistas alertaram que mesmo que a imunidade coletiva em alguns lugares seja parcialmente responsável pelo declínio no número de casos, a população como um todo continua vulnerável – e deve manter as precauções.
É que novas pesquisas sugerem que as pessoas que ficaram doentes com uma forma do vírus podem ser infectadas novamente com uma nova versão dele.
Vineeta Bal apontou como exemplo uma pesquisa recente feita em Manaus.
Em outubro houve estimativa de que mais de 75% das pessoas tinham anticorpos para o vírus, porém os casos voltaram a aumentar novamente em janeiro.
“A mensagem é que uma grande proporção da população permanece vulnerável”, disse Balram Bhargava, que chefia o principal órgão de pesquisa médica da Índia, o Conselho Indiano de Pesquisa Médica.
Como as razões por trás do sucesso da Índia não são claras, os especialistas temem que as pessoas baixem a guarda.
Grande parte da população já voltou à vida normal. Em muitas cidades, os mercados estão lotados, assim como estradas e restaurantes.
Mas Jishnu Das, economista de saúde da Universidade de Georgetown que aconselha o estado de Bengala Ocidental sobre como lidar com a pandemia alerta: “Não sabemos se isso vai voltar depois de três a quatro meses”. Com informações do Correio Braziliense/AgênciaEstado
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