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quarta-feira, 10 de junho de 2020

Após Bolsonaro sugerir corte de salário de parlamentares, Maia diz aceitar redução nos três poderes

Rodrigo Maia durante sessão especial da Câmara dos Deputados em 11 de março de 2020 (REUTERS/Adriano Machado)
Bruno Góes
BRASÍLIA — O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira que aceita discutir a sugestão de redução do salário de parlamentares feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Maia diz que é a favor da redução dos vencimentos, desde que os três poderes deem uma contribuição. Pela manhã, Bolsonaro afirmou que aceitaria aumentar o valor do auxílio emergencial pago a trabalhadores informais se deputados e senadores resolverem cortar os próprios salários.

O pagamento do auxílio emergencial aprovado pelo Congresso prevê apenas três parcelas de R$ 600. O governo, no entanto, quer pagar mais duas parcelas, e o valor deve ser de R$ 300. Apesar de dizer que concorda com Bolsonaro, Maia criticou os cálculos de Bolsonaro.

— A conta só está um pouco distante. O custo de dois meses (para o auxílio emergencial) é de R$ 100 bilhões. O custo anual do salário de parlamentares é de R$ 220 milhões bruto. Então estamos comparando R$ 100 bilhões com R$ 220 bilhões. A Câmara já economizou mais de R$ 150 milhões (desde o início da pandemia), que é quase um ano de salário de parlamentares. Mas nós não temos problema nesse debate. É um debate que precisa ser feito. Eu tenho defendido quase que sozinho a necessidade dessa repactuação — disse Maia.

Ele acrescentou ainda que o custo mais elevado entre os poderes é do Executivo.

— O custo de mão de obra dos três poderes está na ordem de R$ 200 bilhões. Dos R$ 200 bilhões, incluindo servidores, ministros, presidente da República, todos, R$ 170 bilhões é do Poder Executivo; R$ 25 bilhões é do Ministério Público e do Judiciário; e R$ 5 bilhões são os servidores do Congresso Nacional, incluindo parlamentares da Câmara e do Senado. Se o debate for esse, não há nenhum problema que todo mundo participe para compensar a manutenção de dois meses ou três da renda mínima — disse Maia.

Maia disse que é favor da proposta desde o início da pandemia. Mas ressaltou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou que não seria necessária tal medida. Também não houve concordância entre integrantes do Judiciário.

- Se todos os poderes topassem uma redução de 10% ou um valor menor para garantir os R$ 600 eu tenho certeza que o parlamento vai participar e defender.

O presidente da Câmara também falou sobre a proposta de Guedes apresentada ontem a parlamentares. O ministro deseja incluir os trabalhadores informais em um novo programa social do governo. Guedes pretende reformular o Bolsa Família e batizá-lo de Renda Brasil. Maia defendeu a discussão, no Congresso, sobre uma proposta de renda mínima, mas avisou que essa deve ser uma discussão para os próximos meses

— Primeiro não foi apresentado nada concreto (...) E não é da noite para o dia que você cria um program de renda mínima — disse Maia

Para Maia, esse é um debate amplo que precisa ser discutido com profundida entre os parlamentares.

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