Em entrevista à CNN na noite desta quarta-feira (13), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que seu embate não é contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas sim contra o novo coronavírus, e defendeu a continuidade do isolamento social no estado como forma de combater a pandemia.
“Infelizmente há 213 países do mundo vitimados pela Covid-19. Desses países, apenas quatro têm seus mandatários contra o isolamento, dentre eles o presidente Bolsonaro”, disse.
Segundo ele, o estado não está seguindo a orientação do presidente, nem a do governador. “Seguimos a orientação da medicina, da ciência e da saúde. Eles que orientam todo o trabalho que estamos realizando aqui e orientam corretamente”, disse.
“Nós já salvamos mais de 25 mil vidas aqui em São Paulo e os dados são da ciência, e não estatísticas do governo. Exatamente porque fazemos aquilo que a Organização Mundial da Saúde determina, ou seja, o isolamento social, a orientação do uso obrigatório de máscaras e medidas que protegem a vida e a saúde das pessoas”, continuou.
Doria também afirmou que o ideal seria que tivéssemos um presidente liderando o Brasil contra a doença e não contra a vida. “É muito triste essa visão politizada, ideológica e partidarizada do presidente da República”.
O governador disse ainda torcer para que Bolsonaro tenha “consciência do erro que está cometendo e o erro também de ser agressivo com governadores, prefeitos, parlamentares, juízes da suprema corte e com ex-ministros”.
Questionado sobre onde entra a responsabilidade do governo federal a respeito das vidas e não só da economia, o governador falou que não quer “encontrar culpados”, somente soluções.
“Esse é o investimento que São Paulo faz: ouvir a medicina, a saúde e orientar corretamente as pessoas. A orientação correta não é política, é da ciência. (…) Fique em casa, proteja seus familiares. Essa é a orientação”.
Salões e academias
Na segunda-feira (11), Bolsonaro publicou um decreto que incluiu academias, salões de beleza e barbearias na lista de atividades essenciais. Pela decisão do governo federal, os estabelecimentos, se seguirem as recomendações do Ministério da Saúde, podem funcionar durante a pandemia.
No entanto, Doria afirmou que agora não é hora de reabrir esses estabelecimentos no estado.
“Respeitamos muito os profissionais que atuam nessas áreas e os que têm negócios pequenos, médios e grandes. Haverá o momento para essa flexibilização e eles serão contemplados. Mas neste momento não há nenhuma possibilidade para isso [acontecer] porque a ciência, a medicina e a saúde não recomendam”, disse.
O governador falou ainda que não irá flexibilizar a quarentena até o dia 31 de maio. “Já temos o Plano São Paulo voltado para a possibilidade [de reabertura] desde que a saúde e a medicina nos orientem que essa possibilidade possa ser implementada para um novo período depois de 31 de maio”.
Segundo o governador, neste momento, não há perspectiva de um bloqueio total no estado, “mas não está fora do protocolo”, que vem sendo avaliado todos os dias pelo Comitê de Saúde do Estado de São Paulo.
“Seja no âmbito do estado como um todo e mais especificamente em algumas localidades [é] mais provável a segunda alternativa e menos provável de maneira generalizada”.
Rodízio ampliado
Sobre o novo rodízio em São Paulo, que entrou em vigor na segunda-feira (11), no qual os veículos com placas final ímpar só podem circular em dias ímpares e os com final par, em dias pares, Doria disse que quem manda na administração municipal é o prefeito Bruno Covas (PSDB).
“Temos uma relação harmoniosa, mas eu não mando no prefeito. Ele me disse que está testando este modelo ao longo da semana, como testou outro modelo de limitação para o trânsito, que não funcionou bem e eles tiveram o zelo de reconhecer que aquela metodologia não apresentou bons resultados e aquilo foi deixado de lado”. *CNN
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