por Lula Bonfim
Foto: Divulgação
A prefeitura de Jeremoabo, no semiárido nordeste da Bahia, convocou todos os servidores da Secretaria Municipal de Educação para um recadastramento funcional obrigatório de forma presencial, entre os dias 13 e 24 de abril. A medida, publicada nesta terça-feira (7) através de decreto, revoltou trabalhadores da educação local, que temem a proliferação do novo coronavírus.
“Em plena pandemia, estamos sendo convocados para fazer recadastramento. Estou de quarentena com a minha família. Temos casos confirmados de coronavírus em cidades próximas, como Adustina. Ou suspeitos, como em Canudos”, disse, preocupada, uma professora que preferiu não se identificar. Euclides da Cunha, município vizinho a Jeremoabo, teve caso confirmado de Covid-19 nesta quarta (8).
O recadastramento presencial contraria outro decreto do município, que estabelece uma série de restrições ao comércio local, buscando evitar aglomerações de pessoas que facilitem a proliferação do vírus. “Isso é um absurdo, porque o momento é de ficar em casa. E tem mais: foram escaladas várias escolas por dia, sem evitar aglomeração”, comentou a professora Lúcia Batista.
“Muitos funcionários moram em cidades e povoados vizinhos, tendo contato com outras pessoas que não são de Jeremoabo. Eu falo também por mim, que estou em isolamento social protegendo a minha família, cuidando dos meus pais idosos com muitas enfermidades. Meu pai tem 82 anos e é cadeirante, minha mãe tem 70 anos. E agora tenho que submetê-los a esse risco”, desabafou a professora Eliene Pereira.
A professora Maria Verônica Muniz mora no município de Canudos e trabalha na rede municipal de ensino de Jeremoabo. Ela conta que não há transportes entre as cidades, o que a impossibilita de fazer o recadastramento. “No momento, não tem como a gente fazer esse recadastramento, uma vez que o prefeito baixou o decreto dizendo que nenhum tipo de aglomeração seria permitida, durante esses tempos de pandemia”, contou.
“E eu e mais 12 colegas que moramos em outro município, em Canudos, estamos muito preocupados, porque não tem nenhum ônibus de linha rodando. Tudo parado. Como vamos fazer esse recadastramento se não temos transportes para tal? O que vai acontecer com a gente, que está impossibilitado de ir? Nós vamos perder nossos empregos?”, indagou Maria Verônica.
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