Exames de sangue - Foto: Fernando Frazão /Agência Brasil
Instituições públicas, como o Hospital das Clínicas de São Paulo e o Hemorio, também vão participar dos testes, liberados pela Anvisa no fim de semana, com plasma de pessoas curadas da covid-19.
O Instituto Estadual de Hematologia – Hemorio – inicia nesta semana uma série de estudos para usar o plasma sanguíneo de pessoas que foram curadas do novo coronavírus (covid-19) no tratamento de pessoas em estado grave.
O procedimento consiste em colher o soro com anticorpos do sangue de curados e depois transferir para o corpo de pacientes que estão infectados com covid-19, em apresentam quadro grave.
De acordo com o Hemorio, estudos com o chamado plasma convalescente têm sido feitos na França, no Canadá, em Israel, na Espanha e China.
Esse tipo de terapia já foi utilizada em epidemias como a de ebola e a de H1N1. O próprio Hemorio já fez um estudo semelhante para tratar a dengue, com bons resultados obtidos em laboratório.
Pacientes que já se curaram da doença estão sendo convocados e serão avaliados como potenciais doadores de plasma.
São Paulo
Em São Paulo, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, vai participar do estudo para confirmar a eficácia do método junto com Hospital Sírio-Libanês e o Hospital Israelita Albert Einstein.
“Quando injetado em um novo paciente, o plasma convalescente fornece “imunidade passiva” até que o sistema imunológico do paciente possa gerar seus próprios anticorpos”, explica Nelson Tatsui, diretor-técnico do Grupo Criogênesis e hematologista do HC-FMUSP.
Luiz Vicente Rizzo, diretor-superintendente de pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, conta que a técnica de transferir a “imunidade” de um indivíduo curado de doença infecciosa para outro que está doente existe há mais de 100 anos.
“Foi usada durante muito tempo no tratamento de coqueluche, tétano, durante as epidemias de Sars e Mers e ocasionalmente em pacientes com ebola”, lembra.
O protocolo do Albert Einstein vai focar as pesquisas em 30 pacientes, mas pode chegar a 100, conforme o andamento. O primeiro passo é encontrar doadores
“Estamos ligando para quem deixou seu nome como possível voluntário e vendo quem está disponível”, diz diretor-superintendente de pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
Os requisitos para ser doador são:
Ter mais do que 18 e menos do que 60 anos
Ter mais do que 55 kg
Não ter mais o vírus
Não ter nenhuma outra infecção transmissível
Possuir os anticorpos neutralizantes
Interessados em doar devem entrar em contato com o banco de sangue dos hospitais participantes.
Para a segurança dos voluntários, a coleta será feita na casa do doador de sangue.
De acordo com o especialista do HC-FMUSP, um dos melhores métodos de coleta de plasma destes indivíduos convalescentes é a tecnologia de aférese.
Um doador ajuda até 3 pacientes
No caso do novo coronavírus, Nelson Tatsui acredita que é possível atender até 3 pacientes com apenas uma coleta.
“A maior vantagem da [técnica] Aférese é a possibilidade de retirar de um único doador uma quantidade suficiente para atender 2 a 3 pacientes graves de covid-19”, afirmou.
A expectativa dos especialistas é de que esse tratamento provoque uma melhora mais rápida dos pacientes com coronavírus em estado grave.
“Nossa maior expectativa com o tratamento é que o paciente se recupere melhor e de forma mais rápida, o que contribuiria para que leitos e aparelhos que auxiliam na respiração atendessem mais pessoas”, concluiu Luiz Vicente Rizzo, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
Com informações da AgênciaBrasil
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