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terça-feira, 4 de junho de 2019

Dia Mundial do Meio Ambiente - Calango do Abaeté pede socorro para evitar a sua extinção

Genuinamente baiano, o calango integra a lista vermelha de espécies ameaçadas
Se não for preservado, ele corre o risco de desaparecer para sempre da natureza. Genuinamente baiano, Calango do Abaeté (Glaucomastix abaetensis), descoberto na mística lagoa de mesmo nome, em Salvador, é uma espécie que está ameaçada de extinção. Com sete cores e cauda verde-azulado brilhante, o calango foi descrito pela ciência apenas em 2002 e ainda pode ser encontrado em Salvador e nLitoral Norte da Bahia, em áreas de restinga. No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quarta-feira (5), a espécie pede socorro.Caso seja extinto na capital, restariam apenas em quatro municípios: Camaçari, Mata de São João, Entre Rios e Esplanada.
Para marcar a data e contribuir com a preservação e divulgação da espécie, um evento foi realizado nParque das Dunas. A exposição foi promovida pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), representada pelo Centro de Ecologia e Conservação Animal (Ecoa), e a Universidade Livre das Dunas e Restinga de Salvador (Unidunas), que faz a gestão do parque. O encontro reuniu pesquisadores, estudantes, comunidade, indígenas da tribo Kariri-xocó e contou com a presença do vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis. 
As atividades promovidas pelo Dia Mundial do Meio Ambiente 
ressaltaram a importância do cuidado com o meio ambiente e sensibilizaram a comunidade para conhecer e preservar o Calango do Abaeté, que integra as listas de espécies ameaçadas do Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio) e do estado da Bahia, além de figura como espécie-alvo do Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna do Nordeste (PAN do Nordeste). Pesquisadores alertam que, caso medidas urgentes não sejam adotadas, a espécie corre o risco de desaparecer para sempre do planeta.           
Ameaça real – A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou recentemente um relatório preocupante: dentro de algumas décadas, cerca de 1 milhão de espécies da fauna e flora correm risco de extinção em todo o mundoO relatório alerta que a taxa é maior dos últimos 10 milhões de anos e evidencia a ação devastadora do homem sobre a natureza. Sem medidas eficientes para mitigar esse cenário, a tendência é que haja uma aceleração no processo de extinção das espécies, inclusive do Calango do Abaeté    

Para o pesquisador Moacir Tinoco, PhD em Biologia da Conservação pela University of Kent, em Canterbury (Reino Unido) e coordenador do Programa de Pós-graduação em Planejamento Ambiental da UCSal, é essencial o envolvimento da comunidade. “Os pressupostos da Biologia da Conservação são clarosdevemos integrar pesquisamanejo e monitoramento e educação ambiental em torno de uma espécie ameaçada para promover sua efetiva preservação enquanto unidade taxonômica. Um projeto de conservação stricto sensu só funcionará se integrar essas três dimensões, caso contrário, não terá sucesso. É exatamente isso que fazemos no projeto Calango do Abaeté, carinhosamente acolhido pelo Parque das Dunas: pesquisa, monitoramento e educação ambientalesclarece Tinoco, que também é docente da graduação em Biologia e membro da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (CIEA).
O doutorando em Ecologia e colaborador do Ecoa, Magno Travassos, explica que o risco de extinção do Glaucomastix abaetensis é real, pois a espécie já não é tão abundante e sofrepela perda do seu habitat. “Estamos desenvolvendo monitoramento e estudos com a espécie para avaliar oseus hábitos, acompanhar a evolução e verificar como está a qualidade das suas populações. A partir doresultados coletados poderemos prever, por exemplo, o comportamento do Calango do Abaeté diante do cenário da acelerada antropização que vem sofrendo e pensar alternativas para diminuir estes impactos que interferem na saúde da espécie”, lamenta.   
Parque das Dunas – O monitoramento do Calango do Abaeté é realizado no Parque das Dunas há mais de quatro anos, único local em Salvador onde a espécie ainda é encontrada. Com 25 anos de fundação, 6,9 milhões de metros quadrados e uma biodiversidade que impressiona, o parque contribui ativamente para a preservação do meio ambiente. “Antes de ser um monte de areia, o Parque das Dunas é um monte de vida e nos orgulhamos em receber pesquisadores interessados em investigar a nossa biodiversidade. A conservação deste espaço dentro da cidade possui funções importantes, como a retenção de salinidade, calor e chuvas, essenciais para, por exemplo, regular o clima em Salvador”, avalia Jorge Santana, gestor do parque.        
Certificado pela Unesco com o título de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – título que também foi conferido ao Ecoa/UCSal e mais oito instituições na RMS e Litoral Norte – o Parque das Dunas tem sua vocação direcionada para ações de educação ambiental, pesquisa e sustentabilidade, iniciativas que contribuíram para o reconhecimento internacional. Segundo Santana, o espaço recebe pesquisadores do Brasil e de diversos países e serviu de laboratório para a produção de mais de 250 pesquisas cientificas. Destas, mais de 170 artigos científicos foram publicados em periódicos nacionais e internacionais.            
Professora do curso de Educação Física e discente do Mestrado Profissional em Planejamento Ambiental da UCSal, Fernanda Rocha elogiou a iniciativa. “Os cuidados que devemos ter com o meio ambiente ainda estão distantes do ideal, talvez por muitos não enxergarem a questão ambiental de forma integrada. Espaços como o Parque das Dunas, que é um paraíso do ponto de vista ambiental e da conservação, e abriga espécies como o Calango do Abaeté, precisam existir para estimular a percepção ambiental entre as pessoas, ser divulgado e frequentado”, destaca.           

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