A força-tarefa da Operação Lava Jato pode nunca ter acesso a um dos sistemas do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o setor de propina da empreiteira. Isso porque duas chaves que permitem tal acesso estão perdidas. Na ocasião do acordo de leniência assinado com a força-tarefa, a empresa entregou cinco discos rígidos com cópias de dados do software, juntamente com dois pen drives que permitiriam o acesso aos dado, o que não aconteceu. "O sistema está criptografado com duas chaves perdidas, não houve meio de recuperar. Nem sei se haverá. Não houve qualquer avanço nisso", afirmou ao Globo Carlos Fernando dos Santos, um dos coordenadores da Lava Jato em Curitiba. O sistema Mywebday detalhava em códigos desde o nome do executivo responsável pelo pedido de propina e o propósito do pagamento até onde a cidade ocorreu, o destinatário e o doleiro que viabilizou o repasse. Nas investigações em curso, o Ministério Público Federal (MPF) tem usado informações de outro sistema, também entregue pela Odebrecht, o Drousys. Este era usado para comunicação entre funcionários do departamento e operadores financeiros, como doleiros e controladores de contas no exterior. De acordo com o procurador Carlos Fernando, o caso das chaves perdidas pode implicar nos benefícios concedidos à Odebrecht. Os dispositivos foram submetidos a perícia nos últimos meses, bem como outros que foram encontrados durante ações de busca e apreensão em endereços da empresa, e há suspeita de que dados tenham sido subscritos - ou seja, apagados e reescritos. A empresa, por sua vez, diz que sua colaboração com as autoridades é "ampla, detalhada e contínua", além de que "todos os fatos estão sendo esclarecidos à Justiça". Em nota, a Odebrecht disse ainda que o sistema encontra-se sob custódia das autoridades da Suíça, onde fica o servidor do Mywebday. BN
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