Foto: Reprodução/ Portal Cultura FM
Em 2017 a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) contabilizou 179 assassinatos de travestis ou transexuais no Brasil, maior número registrado nos últimos dez anos. De acordo com a Antra, em 94% dos casos os assassinatos foram de mulheres transexuais. O grupo detalhou os dados no Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017, conteúdo lançado nesta quinta-feira (25) em Brasília. Para a secretária de Articulação Política da Antra e autora do estudo, Bruna Benevides, a violência está atrelada à identidade de gênero. “A gente diz que o machismo é a semente do ódio e do preconceito. É como se os corpos dessas pessoas que desafiam as normas tivessem que ser expurgados da sociedade. E é isso que a sociedade tem feito”, afirmou. A Antra registrou um aumento de 15% no número de mortes em 2017 e a situação garante o Brasil em primeiro lugar no ranking da ONG Internacional Transgender Europe (TGEU) de países que mais assassinam travestis e transexuais no mundo. O mapa mostrou que o Nordeste concentra o maior número de mortes (69), seguido pelo Sudeste (57); o Norte e o Sul (19 cada) e o Centro-Oeste (15) em último lugar. O estado de Minas Gerais foi o que matou mais trans em 2017, com 20 mortes em decorrência de preconceito, seguido pela Bahia (17) e São Paulo (16). Com características semelhantes, a maior parte das vítimas de violência transofóbica se identificam como mulheres negras e pardas, profissionais do sexo e que possuem idade entre 16 e 29 anos. Para Bruna, os dados confirmam a baixa expectativa de vida de pessoas trans, atualmente de 35 anos, metade da média da população brasileira. “Infelizmente, no Brasil, ser travesti e transexual é estar diretamente exposta à violência desde muito jovem. Começa na infância, família, depois na segunda instituição social que é a escola, que forma pessoas preconceituosas que vão reproduzir esse preconceito na sociedade em geral”, disse. A maior parte das mortes foi cometida com armas de fogo (52%), seguido por arma branca (18%) e espancamento, asfixia e/ou estrangulamento (17%). “Não é só matar. É matar, esquartejar. Para expurgar toda e qualquer possibilidade de existência e também de humanidade”, analisa Bruna. A Antra afirma que, por falta de dados oficiais sobre esse tipo de violência, o número é levantado a partir de pesquisas de matérias de jornais e informações que circulam na internet, assim como com relatos que são enviados para a organização. “Nós forjamos formas de levantar dados, já que o Estado não os têm. Não há, por exemplo, uma política de respeito ao uso do nome social pela polícia nos boletins de ocorrência. Sobra pra gente traçar estratégia”, declarou Bruna. BN
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