por Ricardo Leopoldo / Estadão Conteúdo
Foto: Sidney Oliveira / Ag. Pará
O promotor Samuel Nitze que realiza as acusações contra José Maria Marin, ex-presidente da CBF, no "Caso Fifa", defendeu perante o júri que o considere culpado de sete acusações de conspiração para corrupção em esquema ocorrido em vários países, que também envolveu Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol, e Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol. Essa posição foi declarada em suas considerações finais, na fase conhecida nos Estados Unidos como "réplica".
"Há provas além de qualquer dúvida, como documentos bancários, e-mails, fotografias e depoimento de testemunhas no tribunal de que o senhor Marin recebeu propinas e participou de corrupção internacional relacionados a competições de futebol", disse o promotor, referindo-se especificamente a alguns torneios, entre eles a Copa America Centenário e a Copa do Brasil.
O promotor citou anotações de Santiago Peña, ex-funcionário da empresa Full Play, companhia de marketing esportivo, que pagava subornos para autoridades internacionais de futebol. "Ele guardou documentos que mostravam as iniciais MPM ao lado da indicação de US$ 3 milhões. MP era a abreviação para Marco Polo Del Nero e M era Marin", destacou. "Del Nero e Marin estavam unidos, eram gêmeos."
Ele ressaltou que os dois eram as principais autoridades de futebol no Brasil e para o esquema de corrupção internacional envolvendo o esporte era importante pagar suborno a ambos. "Se pagar os dois, então você terá o Brasil", disse aos jurados.
Nitze também destacou que o ex-proprietário da Traffic, J. Hawilla, afirmou que repassou US$ 5 milhões em junho de 2013 para o esquema internacional de corrupção que envolveu José Maria Marin. "Essa foi a gênese do funding dos US$ 3 milhões pagos à empresa FPT, de onde saiu o US$ 1,5 milhão para o bolso de Marin", apontou.
A FPT pertencia a Torneos y Competências (TyC), do empresário argentino Alejandro Burzaco, que atuou entre 2004 e 2015 no segmento de marketing esportivo. Segundo a promotoria, o montante de US$ 1,5 milhão chegou ao ex-presidente da CBF em três depósitos de US$ 500 mil entre julho a outubro de 2013 para a Firelli International, empresa de Marin.
O promotor também ressaltou um e-mail de Eládio Rodriguez, funcionário da empresa TyC, enviado para si mesmo na qual destacava que US$ 1,5 milhão seria direcionado para MP, abreviação de Marco Polo Del Nero, e "cita US$ 1,5 milhão para Marin."
Para Samuel Nitze, Marin foi pego em gravação com J.Hawilla na qual precisava saber se Del Nero recebeu US$ 900 mil, referente a propina no esquema de corrupção envolvendo a Copa do Brasil. "Tem que ser feito de forma pessoal", teria dito Marin, de acordo com o promotor, ao ler trecho de transcrição de escuta feita por autoridades do governo americano.
Nesta quinta (14), ocorreu o final das apresentações da defesa de José Maria Marin, Juan Angel Napout e Manuel Burga e dos promotores. No final da tarde, a juíza Pamela Chen passou a ler para os jurados orientações sobre como devem basear suas deliberações em relação ao "Caso Fifa." Os 12 jurados titulares deverão fazer suas avaliações a partir desta sexta-feira. Advogados da defesa dos acusados acreditam que o veredicto deve levar alguns dias para ser definido.
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