Constança Rezende/Rio
Apontado como ex-operador da suposta organização criminosa chefiada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o delator Carlos Miranda disse nesta segunda-feira, 11, que os líderes do esquema recebiam propinas mensais e até gratificações de fim de ano, como um 13.º salário.
A revelação de que a organização pagava gratificação de fim de ano a seus integrantes surge quando os funcionários do Rio contabilizam um ano sem receber o benefício ainda de 2016.
De acordo com Miranda - que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), era o "homem da mala" de Cabral -, os ex-secretários Wilson Carlos e Regis Fichtner recebiam o valor fixo de R$ 150 mil mensais. O delator estimou em cerca de R$ 500 milhões a quantia arrecadada pela organização desde os anos 1990.
Miranda contou que recebia também R$ 150 mil por mês. Já os valores destinados a Cabral eram estipulados pelo próprio ex-governador, "dono" do esquema criminoso de arrecadação, nas palavras do delator.
O delator foi interrogado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no processo que investiga dinheiro ilícito repassado pela Carioca Engenharia - R$ 30 milhões para o esquema de Cabral, segundo ele. Miranda disse que a empresa repassou à FSB Comunicação propina para a prestação de serviços de campanha. O valor, disse ele, foi de cerca de R$ 300 mil.
Em nota, a FSB afirmou que nunca teve contato com Miranda. "Ficamos absolutamente surpresos com suas declarações pela total falta de fundamento", informou a empresa. A Carioca afirmou que não vai se manifestar. A defesa de Fichtner, em nota, classificou de mentirosa a acusação. A defesa de Wilson Carlos não foi localizada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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