por Fernando Duarte
Foi-se o tempo em que o PMDB da Bahia era um partido forte. E, tenha certeza, os integrantes da sigla ainda se vangloriam de manter essa força. Porém não foi o que se viu na última sexta-feira (8) com a prisão do presidente licenciado do diretório regional, Geddel Vieira Lima, e de um dos principais assessores dele, o ex-superintendente de Defesa de Civil de Salvador, Gustavo Ferraz. Além dos dois presos em desdobramentos da Operação Cui Bono?, o único deputado federal pelo PMDB da Bahia, Lúcio Vieira Lima, acabou também imbricado no apartamento utilizado como “bunker” para guardar mais de R$ 51 milhões. Era para ele que o imóvel estava emprestado e uma fatura de uma funcionária do parlamentar o deixa ainda mais próximo da cena dantesca das malas e caixas de dinheiro. Geddel e Lúcio são a cúpula do PMDB na Bahia. Controlam o partido há muito tempo e não davam espaço para o aparecimento de novas lideranças. No máximo nomes que gravitavam em torno de ambos, a exemplo de Gustavo Ferraz e do secretário de Mobilidade Urbana de Salvador, Fábio Mota, que se afastou da dupla nos últimos tempos. Os irmãos Vieira Lima tinham protagonismo absoluto no partido, principalmente Geddel. Tanto que, em 2010, quando o PMDB foi alçado à condição de vice de Dilma Rousseff, com Michel Temer, o peemedebista baiano “chutou o pau da barraca” e se desvinculou do então candidato a reeleição pelo PT, Jaques Wagner. Teve a expectativa de que Dilma teria duplo palanque na Bahia e acabou frustrado e com uma posição diferente da que então esteve acostumado: era Geddel na mesma posição dos carlistas, tão combatidos por ele no passado. O PMDB baiano era oposição a Wagner tanto quanto o ainda líder em ascensão ACM Neto. A aproximação foi paulatina e, em 2014, estavam Geddel e ACM Neto do mesmo lado, situação que se repetiu em 2016, quando o prefeito de Salvador escolheu o peemedebista Bruno Reis para ser seu vice. Era a cartada final para que DEM e PMDB, adversários históricos desde os tempos da ditadura militar, se tornassem uma unidade política em território baiano. Um grupo político que tendia a ser mantido para 2018. Não deve mais acontecer. O PMDB foi esfacelado por Geddel e companhia e, por questão de sobrevivência política, os até agora aliados vão tentar se desvencilhar da imagem dele. A escolha de Bruno Reis para vice, inclusive, sinaliza que ACM Neto foi hábil politicamente ao ponto de não se submeter às vontades dos Vieira Lima: apesar de filiado ao PMDB, o vice era assessor do prefeito desde a época em que ACM Neto ameaçava dar uma cossa no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando ainda era deputado federal. Ainda assim, o prefeito terá que fazer um esforço expressivo para não sofrer com respingos desse esfacelamento político do PMDB. Caberá à pouca expressiva bancada do PMDB na Assembleia Legislativa da Bahia tentar soerguer a sigla no estado, o que deve demorar. Enquanto isso, aqueles aliados pré-2010, quando Geddel ainda estava do lado petista da política da Bahia, sorriem com o canto da boca, pensando o quanto aquela cisão na Bahia evitou problemas no presente. Na Bahia, o PT pulou essa fogueira. Este texto integra o comentário desta segunda-feira (11) para a RBN Digital, veiculado às 7h às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM. BN
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