Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou em entrevista publicada pelo jornal A Tarde nesta quinta-feira (17) que sua caravana pelo Nordeste, que começa nesta quinta em Salvador (clique aqui), tenha como objetivo a construção de sua candidatura para 2018. “Não é uma construção de candidatura porque eu nem sei se serei candidato em 2018. Eu estou fazendo a caravana para reencontrar o Brasil e conversar com o povo”, afirmou, argumentando que sempre fez política “olhando nos olhos”. Questionado sobre a reforma política – especificamente sobre o distritão e a proposta de um fundo público de R$ 3,6 milhões, Lula opinou diretamente apenas sobre o último. “Não sei se o valor deve ser este, mas o PT sempre defendeu o financiamento público de campanha. A democracia não pode estar submetida ao poder econômico dos mais ricos”, defendeu. Sobre a questão partidária, ele apontou que o país tem uma situação política “complicada”, com mais de 30 partidos, “muitos dos quais sem nenhuma identidade programática”. Lula também se posicionou sobre a rivalidade de fundo histórico entre DEM e PT, que deve se reproduzir na disputa pelo governo do Estado – no passado, Lula chegou a dizer que varreria o PFL (que originou o Democratas) do mapa. “É preciso lembrar que, naquela ocasião, o presidente nacional do DEM declarou publicamente que iria extinguir a ‘raça petista’. O que eu disse foi que iríamos derrotá-los nas urnas e derrotamos. Eleições você pode perder ou ganhar, e alternância de poder é normal na democracia”, afirmou, acrescentando que o PT não perdeu a última eleição presidencial, mas sofreu um golpe. “O DEM não está crescendo nas eleições. Está se beneficiando de um golpe”. Indagado sobre qual política econômica adotaria caso fosse presidente atualmente, Lula sugeriu destaque para o mercado interno, “nosso maior trunfo”, além de oferecer crédito para os consumidores e empresas investirem, ampliar mercados internacionais e concluir as obras que estão paradas. “Não é cortando direitos dos pobres, dos trabalhadores e das classes médias, que são as pessoas que consomem, que vamos retomar o crescimento econômico”, avaliou, destacando que a política econômica do governo Dilma Rousseff foi “permanentemente sabotada” pela oposição conservadora. Com críticas públicas a uma alegada perseguição sofrida pelo juiz Sérgio Moro, Lula foi perguntado sobre a imparcialidade em implicações de seus adversários políticos, citada pelo próprio magistrado. “O que eu sei é que, no meu caso, eu já provei a minha inocência. Ela está provada no processo. Eu não sou dono do apartamento do Guarujá, e isso inclusive está dito na sentença do juiz”, declarou, para completar posteriormente: “Se outros fizeram coisas erradas, que respondam por seus erros. Caso haja provas contra eles, que sejam condenados. O que não é possível é que a Justiça aja de modo arbitrário para servir aos interesses antidemocráticos e antipopulares da Rede Globo”. BN
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