Os pedidos de ajuda vêm de forma anônima, com deslizes gramaticais que denunciam a pouca idade de quem está por trás dos depoimentos publicados em sites e fóruns da internet. “Olá, tenho 10 anos, eu sofro de bullying, eu sou provocado, eu às vezes tenho vergonha, me chamam de feio, gay, nogento (sic), burro, mulherenco (sic), fofoqueiro, palhaço, estúpido.” “As meninas me excluem, nem falam comigo, e acho que também tô com depressão. Minha mãe nem liga, fala que isso é coisa da minha cabeça. Tô indo supermal na escola, quando eu ficar com 18 anos, vou me suisidar (sic), já vou ser mais uma aberração na sociedade.” “Não tenho com quem falar. Não tenho irmão, nem amigos. Me zoam muito, é a maior humilhação. Estou enlouquecendo. O que faço?”.
Nem sempre esses meninos e essas meninas encontram resposta para seus apelos. O bullying — problema que, de acordo com pesquisadores, é vivenciado por 75% das crianças e dos adolescentes — muitas vezes acaba subestimado, compreendido como algo normal da idade. Porém, um estudo publicado na revista Child Development, da Sociedade de Pesquisa do Desenvolvimento Infantil, nos EUA, mostra a importância de se estender a mão aos pequenos ao primeiro sinal de sofrimento. O artigo indica que a intervenção precoce é essencial para evitar danos persistentes à saúde mental que podem afetar vítimas de perseguição mais severa e prolongada, cerca de 10% a 15% daqueles que sofrem bullying.
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