É natural que candidatos com chances de passar para o segundo turno apliquem estocadas nos líderes das pesquisas de intenção de voto. Mas o previsível, o que os marqueteiros aconselham, é que alvejem de preferência os candidatos que disputam com ele o segundo lugar. Gastar munição com os favoritos, que dificilmente perderão tal condição, seria bobagem e perda de tempo.
No Rio de Janeiro, o saco de pancadas será o deputado Pedro Paulo, candidato do PMDB à sucessão do prefeito Eduardo Paes. Ele apanhará principalmente de Marcelo Freixo (PSOL), Índio da Costa (DEM) e Jandira Feghali (PC do B), tecnicamente empatados em segundo lugar. Em primeiro está Marcelo Crivela (PRB), que prefere enfrentar Freixo ou Feghali, mas que imagina poder ser eleito sem disputar o segundo turno.
Pedro Paulo é vulnerável a pancada desde que espancou sua ex-mulher. Ela prestou queixa à polícia, depois recuou e o processo acabou arquivado pela Justiça. Pedro Paulo conta com o apoio da máquina administrativa da prefeitura, capaz de catapultá-lo para o segundo turno. Representa, pois, um perigo para todos, inclusive Crivela. No debate, serão todos contra ele. De resto, não poderá ser muito agressivo para não reforçar a sua imagem de destemperado.
Em São Paulo, não haverá um único saco de pancadas, mas vários. Russomano (PRB) será um deles, talvez o principal, porque está em segundo lugar nas pesquisas, embora caindo. Mas Haddad (PT) irá também para cima de Marta Suplicy (PMDB), com ele empatada. E Marta irá para cima de Russomano e de Haddad ao mesmo tempo. Dória (PSDB) observará do alto das pesquisas o desempenho dos seus adversários.
A curta campanha eleitoral deste ano, e o pouco interesse que ela despertou nos eleitores, transformaram os debates desta noite no momento mais decisivo para a sorte dos candidatos. Não haverá outro até o próximo domingo. Ricardo Noblat
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