Uma tecnologia forense de estudo da arte desenvolvida na África do Sul tem sido usada para tentar desvendar o mistério de que o famoso dramaturgo inglês, William Shakespeare, fumava cachimbos e escrevia.
O artigo do estudo foi publicado no South African Journal of Science, em julho de 2015.
Resíduos de tabaco nas tubulações de cachimbos de argila de mais de 400 anos de idade encontrados no jardim do dramaturgo foram analisados, em Pretória, usando uma técnica sofisticada chamada “espectrometria de massa de cromatografia em fase gasosa”. Produtos químicos de fornilhos e cachimbos encontrados no jardim e áreas adjacentes do dramaturgo foram identificados e quantificados durante o estudo forense. Os artefatos foram adquiridos por empréstimo do Shakespeare Birthplace Trust. Fonte: Marshable
A técnica de gás é muito sensível para detectar a presença de resíduos que podem ser preservados em tubos, mesmo que tenham sido utilizados há 400 anos. O objetivo é descobrir que tipo de substância era ingerida pelo autor.
Havia vários tipos de tabaco no século XVII, incluindo a nicotina norte-americana (origem da nicotina atual) e cocaína (Erythroxylum), obtida a partir de folhas de coca peruana. Afirma-se que Sir Francis Drake pode ter levado folhas de coca para a Inglaterra, depois de sua visita ao Peru, assim como Sir Walter Raleigh levou "folhas de tabaco" (Nicotina) para Virginia, na América do Norte.
Em uma edição recente da revista Country Life, Mark Griffiths mostrou grande interesse no Herbal de John Gerard, publicado em 1597 como um livro de botânica que inclui imagens de várias pessoas no frontispício. Um deles (referido como "o quarto homem") poderia ser William Shakespeare, mas essa identificação é questionável. Possivelmente, a gravura representa Sir Francis Drake, que conhecia Gerard. O Herbal de Gerard refere-se a vários tipos de "tabaco" introduzidos na Europa por Drake e Raleigh, na época vivida por Shakespeare na Inglaterra “Elisabetana”.
Certamente há uma ligação entre Drake e as plantas do Novo Mundo, como o milho, a batata e o "tabaco". Além disso, pode-se associar Raleigh à introdução do "tabaco" da Europa para a América do Norte.
Houve evidência inquestionável sobre o fumo de folhas de coca no início do século XVII na Inglaterra, com base em evidências químicas de duas tubulações na área de Stratford-upon-Avon, onde situava-se o jardim de Shakespeare. Nenhum dos tubos com cocaína veio do jardim do dramaturgo. Mas quatro tubos com Cannabis sativa, sim.
Os resultados desse estudo (incluindo 24 fragmentos de tubo) indicaram maconha em oito amostras, nicotina em pelo menos uma amostra, e em duas amostras há evidência definitiva para a cocaína de folhas de coca peruana.
Shakespeare possivelmente sabia dos efeitos nocivos da cocaína como um composto estranho. Talvez ele tenha preferido a maconha como uma erva daninha com propriedades estimulantes a mente.
Essas sugestões baseiam-se nas seguintes indicações literárias: Em "Soneto 76", Shakespeare escreve sobre "invenção sob uma erva daninha". Isso pode significar que ele estava disposto a usar “erva daninha” (maconha), como uma espécie de tabaco para a escrita criativa. No mesmo soneto parece que ele prefere não ser associado a “compostos estranhos”, o que pode ser interpretado, pelo menos potencialmente, como "drogas estranhas" (possivelmente cocaína).
As análises químicas de resíduos em cachimbos de argila do início do século XVII confirmaram que uma diversidade de plantas foi consumida na Europa. Análises literárias e ciência química podem ser mutuamente benéficas, unificando artes e ciências para melhor compreender Shakespeare e seus contemporâneos. Com base nisso, acredita-se que o cenário em que esse autor realizava suas peças, na corte da rainha Elizabeth, na companhia de Drake, Raleigh e outros que fumavam cachimbos de barro cheios de "tabaco", pode evidenciar ainda mais as suposições. Fonte: Marshable Foto: Reprodução / Telegraph
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