RICARDO DELLA COLETTA / http://epoca.globo.com
O governo está aliviado com o tamanho dos protestos realizados ao longo do dia em várias cidades brasileiras. Isso porque, no início da semana, acreditava-se que, em razão da baixíssima popularidade da presidente Dilma Rousseff, as manifestações poderiam ter sido bem mais encorpadas, como ocorreu no dia 15 de março. Em suma: a situação da presidente não piorou.
Um ministro que compõe o grupo de coordenação política do governo disse a EXPRESSO que o comparecimento menor que o previsto inicialmente tira “um pouco da pressão sobre Dilma”. Isso porque movimentos de rua da mesma proporção dos anteriores poderiam, segundo ele, “insuflar as forças políticas no Congresso que defendem o impeachment. Tira-se o ímpeto (dos protestos)”.
Para esse ministro, o que ocorreu hoje é um reflexo da última semana em Brasília, quando o presidente do Senado, Renan Calheiros, resgatou o Planalto, emplacou uma agenda própria de propostas para o País e tornou-se o fiador da governabilidade.
Soma-se a isso, segundo o ministro, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de passar para o Congresso Nacional a responsabilidade pela análise das contas de Dilma do ano passado, sob ameaça de serem reprovadas. "Isso tirou a espada que estava na cabeça do governo e que era manejada pelo Eduardo Cunha (presidente da Câmara)", afirma.
'Humildade'. Apesar do respiro, o quadro para o Planalto está longe de ser otimista. Os atos de hoje mostraram que além de Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo dos manifestantes e que o PT foi amplamente taxado de corrupto.
E, embora mais tímidos, os atos foram significativos e uma parcela da população mostrou enorme descontentamento e disposição de ir para a rua e pregar o "fora, Dilma!"
Por isso, fontes ouvidas pela EXPRESSO argumentaram que o governo não deve comemorar a menor presença nas marchas de hoje. Ao contrário, deve adotar um discurso público de "humildade".
"O governo tem que olhar as manifestações como se fossem muito grande. Tem que ter respeito e humildade", diz um assessor palaciano. Por isso, o manifesto oficial foi que as "manifestações ocorreram dentro da normalidade".
Nenhum comentário:
Postar um comentário