Jornal do Brasil - Em matéria publicada sexta-feira (21) em seu site, o jornal norte-americano New York Times detalha as acusações que recaem sobre o presidente da Câmara dos Deputados brasileira, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Definindo-as como "nada menos do que avassaladoras", oNYT afirma que Cunha é um dos políticos mais poderosos do país e que sua postura combativa em relação às denúncias desvia a atenção de um Congresso cheio de escândalos.
O jornal diz que, ao invés de renunciar, Cunha afirma que está sendo vítima de uma conspiração para tirar o foco da presidente Dilma Rousseff e do papel do Partido dos Trabalhadores (PT) no "escândalo colossal" envolvendo a Petrobras.
Escreve o NYT: "Escândalos envolvendo uma figura proeminente após a outra estão levando o Brasil à sua mais aguda crise política desde o restabelecimento da democracia, em 1980." De acordo com o jornal, aliados do governo pareceram inicialmente aliviados após as denúncias contra Cunha. Isso porque colocá-lo na defensiva afasta as possibilidades de um impeachment.
"Dilma Roussef, que tem batalhado por sua sobrevivência política desde que venceu as reeleições há apenas dez meses, parece ter ganhado um descanso nos últimos dias. Renan Calheiros, o poderoso líder do Senado, expressou publicamente sua oposição a pedidos de impeachment", afirma a reportagem.
O jornal também atenta para a severa crise de confiança nos sistemas político e econômico do país, caso a presidente sofra um impeachment. "Especialmente porque nenhuma delação indica que ela se beneficiou pessoalmente do esquema de corrupção na Petrobras", detalha o NYT.
Em reação às afirmações de Cunha sobre uma possível conspiração contra ele, críticos apontam que o escândalo da estatal já levou à prisão de muitos executivos, incluindo o presidente da Odebrecht e figuras políticas de peso, como José Dirceu. Relata o jornal: "Incluindo Cunha, cerca de 40% dos 594 membros do Congresso estão enfrentando acusações de alguma espécie, de acordo com o Congresso em Foco. Entretanto, poucos legisladores costumam ser presos porque eles só podem ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal, o que pode levar a anos de atrasos e permitir que muitos deles evitem condenações."
O NYT ainda lembra que Cunha tem a lealdade de muitos membros da Câmara e que, na batalha para permanecer no cargo, ele pode chamar atenção para a impunidade que há muito tempo define o Congresso brasileiro. Segundo a reportagem, "adicionalmente, pode prejudicar Dilma e seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em um momento no qual eles precisam de aprovações para suas medidas de austeridade".
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