As mulheres vítimas de violência doméstica estão vencendo o medo e denunciando os agressores. É o que mostra uma pesquisa feita pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República. No primeiro semestre, o ligue 180 recebeu, em média, 84 ligações por hora de mulheres que reclamam de algum tipo de violência ou pedem ajuda. A aposentada Rosângela Sá tentava se separar do homem com quem era casada há 21 anos. Em abril de 2009, ele botou fogo no corpo dela. “Só vi a explosão, engoli aquela bola de fogo, aquele desespero. É tudo tão rápido. Você não entende na hora o que está acontecendo”, conta. Rosangela teve queimaduras em 65% do corpo. E, ainda na terapia intensiva do hospital, prestou depoimento contra o ex-marido, que tinha fugido. "Ele foi preso em Minas, foi trazido pro Rio, foi julgado em 2011, condenado a 26 anos de prisão, e hoje ele está em Bangu 2", conta Rosângela. A Central de Atendimento à Mulher - o ligue 180 - recebeu, nos seis primeiros meses deste ano, mais de 360 mil ligações (364.627). Uma média de 60 mil (60.771) telefonemas por mês. Em todo o ano passado, foram mais de 480 mil (485.105) atendimentos. Este ano, 32 mil registros foram de violência contra a mulher. A metade desses relatos foi sobre violência física. Em seguida aparecem denúncias de violência psicológica, moral, cárcere privado e violência sexual. Marisa Chaves de Souza é fundadora de uma ONG que apoia mulheres e crianças vítimas de violência. “A lei Maria da Penha, que acabou de completar nove anos, é uma lei bem avançada, mas que é necessário que ela ultrapasse a questão das medidas protetivas de urgência para que as sentenças condenatórias sejam mais divulgadas para serem exemplos pedagógicos para a sociedade, para que qualquer homem saiba, queater numa mulher tem uma sanção, tem um custo”, fala Marisa Chaves.Rosangela já passou por três cirurgias e faz tratamento para amenizar as cicatrizes. Seis anos depois, ela superou a dor física e a psicológica também. “Eu tenho muita vontade de viver. Se eu fosse guardar mágoa dele [agressor], eu não teria sobrevivido”. (G1)
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