AFP - Dezenas de soldados russos podem ter que comparecer à justiça depois de desertar de sua unidade militar por medo de ser enviados para combater no Leste separatista da Ucrânia, disse neste sábado o portal de informação russo Gazeta.ru.
O site afirma, com base em testemunhos de soldados, de seus parentes e de uma advogada, que estes militares de carreira abandonaram um local de treinamento no sul da Rússia quando foram convocados a "ser voluntários" para combater ao lado dos rebeldes pró-russos na Ucrânia.
O ministério russo da Defesa confirmou que há uma investigação aberta por falta disciplinar contra os soldados mencionados no Gazeta.ru.
Kiev e os ocidentais acusam Moscou de financiar e armar os separatistas do leste da Ucrânia e de ter mobilizado tropas oficiais, o que o Kremlin nega, embora reconheça que há voluntários russos, apresentados como antigos soldados, que se somaram às fileiras da rebelião por iniciativa própria.
Tatiana Cherneskaya, uma advogada que representa cinco soldados acusados, confirmou à AFP as informações do Gazeta.ru e afirmou que dezenas de militares estão ameaçados com investigações.
"Todos têm a mesma história. Todos serviram juntos na mesma unidade", baseada em Maikop, no Cáucaso russo, disse. "Não foram forçados diretamente a ir à Ucrânia, mas algumas pessoas tentaram convencê-los de que o fizessem", acrescentou.
"Os soldados dizem que receberam a proposta de 8.000 rublos (127 euros) por dia" para combater na Ucrânia, afirmou Cherneskaya.
"Voltaram para casa e escreveram cartas de renúncia que não foram aceitas. Isso levou a uma investigação", conta a advogada.
Segundo ela, os militares se sentarão no banco dos réus em março, embora vários soldados já tenham sido condenados.
O Gazeta.ru menciona o caso de um militar de 21 anos, Iván Chevkunov, que pode ser condenado a até dez anos de prisão por deserção. "Disse-me que obrigaram os soldados a ir (à Ucrânia) como voluntários", contou sua mãe, Svetlana.
A página também publica a foto de um testemunho escrito a mão de outro soldado, Pavel Tynchenko, acusado de ter abandonado sua unidade sem permissão.
Nesta carta dirigida ao juiz do tribunal militar, escreve: "Não queria violar o juramento que prestei e não queria participar dos combates na Ucrânia".
Segundo estatísticas oficiais citadas pelo site, o tribunal militar de Maikop condenou 62 soldados por deserção nos seis primeiros meses deste ano.
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