Imagens feitas com um celular mostram um paciente tomando banho de balde no terraço de um hospital público do Distrito Federal. Sozinho e sobre uma maca, o homem esfrega os cabelos e ensaboa o corpo. Nenhum servidor da regional de Taguatinga aparece para ajudá-lo. Por e-mail, a Secretaria de Saúde informou que a situação é irregular, informou que apura os fatos e disse que vai denunciar o caso à Polícia Civil.
O registro foi feito no início de julho pelo prestador de serviços Ragner Silva. Pai de uma garota de 8 anos que precisou ser internada depois de ter um dedo esmagado, ele conta que viu o paciente quando foi ao terraço da ala da ortopedia para fumar. O homem visto no vídeo levou um tiro em uma das pernas e relatou que havia dois dias que tinha tomado o último banho.
Silva disse que faltava água na unidade de saúde. "Falei para o médico que o rapaz estava sentindo dor. Ele virou na minha cara e falou: 'Não mandei levar tiro. Alguma coisa boa não devia estar fazendo'. Isso é coisa que se fale? Estamos ali para ser curados. O restante, se for o caso, resolve com a Justiça."
"E eu não acho que ele era ladrão, não, porque não estava algemado, não tinha policial. Fosse como fosse, o médico não devia dizer isso", declarou o prestador de serviços.
De acordo com Silva, um amigo do paciente se sensibilizou com a situação e conseguiu duas latas de água junto com um vigia de carros. A Secretaria de Saúde afirmou em nota que o registro não corresponde à realidade do tratamento oferecido no local. O paciente passou por cirurgia e já recebeu alta.
"Pela fratura apresentada, o paciente deveria fazer a higienização em seu leito, diariamente, mas não na área externa como mostra o vídeo. O banho inadequado, possivelmente, foi apoiado por um segurança da unidade e os gestores farão a devida responsabilização assim que comprovarem todas as informações", diz o texto.
O prestador de serviços criticou o atendimento no local. "Hoje em dia quem está doente não vai lá, não, [porque] volta pior. Para você ter ideia, minha filha ficou gripada dois dias depois de dar entrada no hospital, tossindo. Ou seja, aconteceu o quê? Debaixo da cama ali estava tudo sujo, poeira, teia de aranha, aquelas baratinhas pequenas. Tem as mulheres que fazem a limpeza, mas de que adianta? Uma aguinha com sabão não adianta nada, não."
O homem disse ainda que precisou comprar oito garrafas de água para a menina durante os três dias de internação e que também faltava papel higiênico. "É uma pouca vergonha."
A Secretaria de Saúde negou a falta de insumos na unidade. O Hospital Regional de Taguatinga atende em média 250 mil pessoas todos os anos. O local tem 343 leitos na internação. Foto: Reprodução * Fonte: Raquel Morais/G1 DF
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