O lobista Milton Pascowitch afirmou, durante depoimento à Polícia Federal, que o ex-ministro José Dirceu atuava como espécie de "padrinho" da empreiteira Engevix em contratos com a Petrobras. Segundo a Folha de São Paulo, o mais novo delator da Operação da Lava Jato contou que, em troca, Dirceu fazia "insistentes" pedidos de repasses ou favores, como uma doação a uma arquiteta que reformou um dos imóveis do petista. O lobista, que foi preso em maio, teve seu acordo de delação homologado pela Justiça nesta segunda-feira (29). Em troca da colaboração, ele ganhou o direito de deixar a carceragem da PF em Curitiba e passar para prisão domiciliar. Pascowitch é dono da empresa Jamp Engenharia, que foi contratada para fazer consultoria na Engevix e aproximar a empreiteira do PT. Dirceu teria recebido cerca de R$ 1,1 milhão entre 2008 e 2011, além de outros R$ 1,5 milhão entre 2011 e 2012 - quando o ex-ministro enfrentava o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), no qual foi condenado. Ele teria recebido dinheiro mesmo quando não prospectava clientes para a Engevix. O irmão e sócio do petista na JD, Luís Eduardo de Oliveira e Silva, também faria pedidos, afirmou o delator. Pascowitch explicou que o esquema de propina começou a partir da nomeação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras em 2003. Segundo ele, parte da receita da Engevix com contratos com a estatal era primeiro transferida para Duque e depois destinada ao PT. À Justiça, o ex-vice-presidente da empreiteira, Gerson Almada, admitiu que os pagamentos ao lobista serviam para ajudar na aproximação com o PT, mas negou a existência de subornos. Em nota, Dirceu afirmou que sua defesa não teve acesso ao conteúdo da delação e que, portanto, não tem como opinar sobre o caso. Ainda assim, reforça que ele "não teve qualquer influência na indicação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras" e que Almada "foi claro ao afirmar que nunca conversou com José Dirceu sobre contratos da Petrobras ou doações ao PT". BN
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