Júlio César Cardoso*Bacharel em Direito e servidor federal aposentado*Balneário Camboriú-SC
O Brasil é um país instável onde as regras são contestadas ou não se
sustentam no tempo. Por exemplo, as regras fiscais. E basta o interesse
do governo por um modelo de política qualquer, ou para atender a
interesses de entidades poderosas, como a Fifa, para o país transigir e
sucumbir aos seus controles fiscais.
E isso ficou muito evidente
por ocasião da realização da Copa do Mundo de futebol, com a
flexibilização das regras das licitações públicas para viabilizar as
obras de construção de estádios de futebol, verdadeiros elefantes
brancos erguidos e que agora só dão despesas ao país.
No governo
Lula, o presidente contestava a autoridade do TCU, que fiscalizava as
contas irregulares do PAC, aduzindo que o tribunal dificultava a sua
administração.
Vejam o caso das pedaladas fiscais, questionadas
pelo TCU contra o governo Dilma Rousseff, que acobertou um déficit
público ao prestar contas sub-reptícias, mascarando resultado negativo
como se fosse positivo.
Outra forma singular de agir do governo
do PT é a recorrente falácia. Em 20.10.2014, a presidente considerou
legítima ao comentar as primeiras delações da Lava-Jato: “Para obter a
provas, a Justiça e o Ministério Público valeram-se da delação premiada,
um método legítimo, previsto em lei. É muito útil para desmontar
esquemas de corrupção”.
Diante de bombásticas revelações de
Ricardo Pessoa – presidente da UTC e considerado o chefe do clube dos
empreiteiros, que pagava propina para fechar negócios com empresas e
órgãos públicos – a presidente, paradoxalmente, muda de discurso ao não
reconhecer o instituto da delação premiada: “Eu não respeito delator,
até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é” (declaração
dada, em 29.06.2015, sobre a delação-bomba de Ricardo Pessoa).
Então,
o método que era legítimo, agora não merece respeito? Ora, não
reconhecer a delação premiada é como não aceitar a legislação brasileira
ou reconhecer a autoridade de nossa Suprema Corte. Aliás, até hoje
recalcitrantes sectários petistas não reconhecem a condenação pelo STF
da quadrilha que enchafurdou a política brasileira.
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