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terça-feira, 2 de junho de 2015

Índia: Grupo de mulheres existe exclusivamente para buscar água para seus maridos a quilômetros de distância

Homens residentes em aldeias de regiões atingidas pela seca, na Índia, muitas vezes arrumam uma segunda ou até mesmo uma terceira esposa, cujo único propósito é fazê-las trazer água para a família.

Elas fazem várias viagens longas até as fontes de água distantes, todos os dias, carregando grandes tonéis sobre suas cabeças.

A vida é dura em aldeias secas, como Denganmal, a 150 km de Mumbai. Os maridos são responsáveis pela agricultura e pelo cuidado dos animais, enquanto as mulheres fazem as tarefas de casa e criam os filhos.

No entanto, alguém ainda precisa trazer água de fontes, muitas vezes a vários quilômetros de distância, por cerca de 8 meses em um ano, quando não há chuvas na área. É por isso que ter duas ou até três esposas não é incomum nas regiões. Os homens só têm filhos com suas primeiras esposas, enquanto o único propósito das outras é fornecer água para a família, em troca de um teto para morar e o status social de mulher. Elas são conhecidas como ‘paaniwaali bais’, que significa ‘esposas de água’.

Encontrar uma mulher disposta a assumir o ônus de esposa de água não é fácil. Na Índia, nenhum pai quer que sua filha se case com um homem em uma área atingida pela seca, especialmente se eles próprios vivem nas zonas irrigadas do país. Assim, um homem de uma aldeia atingida pela seca vai se casar com uma garota de outra aldeia atingida pela seca, ou de sua própria.

Essas mulheres entendem as dificuldades da seca e fazem o necessário para fornecer água. Ainda assim, nem todas aceitam esse papel, de modo que as esposas de água são, geralmente, mulheres que foram abandonadas por seus ex-maridos ou ficaram viúvas. A primeira esposa deve ser uma mulher solteira, mas não há restrições de elegibilidade para esposas de água.

Além de seu principal objetivo, esposas de água devem concordar em receber ordens da primeira esposa, cujo papel é o de cuidar dos filhos, ordenhar as vacas e cozinhar. Elas também devem aceitar que não têm direito a dividir a propriedade com a família, e não podem compartilhar a cama do homem, enquanto a primeira esposa ainda estiver viva.

Em um determinado dia, uma esposa de água de Denganmal buscará mais de 100 litros de água de uma fonte localizada a 3 km de distância, fazendo várias viagens durante o dia, e quando é muito quente, também à noite. Não é incomum ver um número de mulheres andando por quilômetros em temperaturas acima do 40 ºC, com enormes potes de alumínio empoleirados em suas cabeças. No entanto, fazer isso todos os dias, independentemente das condições meteorológicas, não as permitem parar pelo caminho. Os moradores relatam que essas, eventualmente, começam a ficar careca, atordoadas e incapazes de ter filhos.

Esposas de água jovens são mais produtivas, tanto que os homens, muitas vezes, arrumam uma terceira esposa após notar que a primeira esposa de água não está buscando tanta água quanto ela costumava fazer.

Um tanque de água com capacidade para 1.000 litros entra em Denganmal a cada cinco dias, e enormes filas se formam ao redor. Esposas de água sabem que a cada litro extra, suas viagens serão reduzidas. Devido a isso, as mulheres muitas vezes puxam o cabelo uma das outras, se empurrar e até mesmo brigam quando o tanque chega.

Mulheres em Denganmal esperam que, pelo menos suas filhas, tenham uma vida mais fácil, se o Governo finalmente colocar tubos da represa próximo à sua aldeia. "Nós não podemos mais fazer isso", disse a esposa de água Tuki, falando em nome das mulheres da Denganmal. “Estamos cansadas ​​de ir buscar água".  Fonte: USAID Foto: Reprodução

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