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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Siamesas separadas dependem de 'milagre' para sobreviver, diz médico

Quadro de gêmeas segue gravíssimo e elas são mantidas por aparelhos. Recém-nascidas continuam na UTI após cirurgia de separação, em Goiânia. 
Gêmeas seguem internadas em UTI Neonatal
As gêmeas siamesas Anny Beattriz e Anny Gabrielly, que nasceram unidas pelo tórax e foram separadas em uma cirurgia de urgência, em Goiânia, continuam em estado gravíssimo. De acordo com o cirurgião Zacharias Calil, responsável pelo procedimento, as chances de sobrevida no pós-operatório já são menores do que 1%. “Eu pensei que elas não iriam sair vivas da sala de cirurgia. Se elas conseguirem sobreviver, nas condições que apresentam, será um milagre”, afirmou o médico, na manhã desta segunda-feira (5). 

A cirurgia foi realizada no Hospital Materno Infantil (HMI), no sábado (3), e durou cerca de 6h. A equipe médica decidiu realizar o procedimento após o estado de saúde das gêmeas piorar. Desde então, elas permanecem internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e respiram com a ajuda de aparelhos. “A maior, Anny Beattriz, apresenta um quadro ainda mais grave do que a outra, pois ela tem complicações e não apresenta uma resposta adequada”, disse. 

De acordo com Calil, as irmãs dividiam o fígado e tinham dois corações, interligados entre si. Além disso, Anny Beattriz possuía dois rins e Anny Gabrielly, apenas um. “As condições delas eram muito ruins e, na última sexta-feira [2], pioraram ainda mais. 

Elas estavam azuladas e, se a cirurgia não tivesse sido feita, não teriam sobrevivido a mais 48 horas. Por ter o coração interligado por uma veia de grosso calibre, elas estavam trocando material tóxico, ou seja, bactérias, entre si”, relata. 

O cirurgião afirma que o ideal seria que elas tivesses passado pela separação entre seis meses e um ano de vida. “Infelizmente, não deu para esperar e, pelo fato delas serem tão novas, não completaram nem um mês de vida ainda, tudo foi mais complicado”, destacou. 

Calil ressaltou que não há como prever como será o futuro das siamesas. “Hoje, se desligarmos os aparelhos, elas não resistem. Por isso, cada minuto é importante para elas”. 

Agrotóxicos 
As gêmeas nasceram em 10 de dezembro, aos oito meses de gestação, no HMI. A mãe e o pai são de Ibipeba, na Bahia, e descobriram que as duas eram siamesas no sexto mês. “No sétimo mês, tivemos a certeza absoluta da situação delas e da gravidade. No oitavo mês, nós viemos para Goiânia”, relatou o pai, o agricultor Jeiel dos Santos Guedes. 

De acordo com Calil, cerca de sete meses antes de engravidar, a mãe dos bebês foi exposta a agrotóxicos, já que ela vive em uma zona rural. Ele suspeita que essa seja a causa da gravidez com gêmeos siameses. 

Gêmeas nasceram unidas pelo tórax e abdômen 
“Estudos comprovam que essas alterações no meio ambiente podem causar má formação em fetos. No caso delas, em específico, acredito que os agrotóxicos tenham sido os responsáveis. Porém, não existe ainda uma literatura médica que comprove essa ligação”, afirmou o cirurgião. 

Cirurgia 
A cirurgia foi considerada "muito complicada" pela equipe médica. Segundo Calil, uma das gêmeas estava sobrecarregando os órgãos e o sistema circulatório da irmã. Além disso, a má formação de determinados órgão dificultou todo o processo. “Havia um vaso de grosso calibre que fazia uma ponte, unindo os dois corações. Tivemos que romper e suturar essa ponte. Além disso, o fígado que as duas compartilhavam era muito espesso para as duas o que dificultou todo o processo”, relata. 

Além dessas dificuldades, uma das gêmeas teve uma parada cardíaca durante a operação, mas foi revertida pela equipe na sala cirúrgica. Por fim, Calil destaca que, como as siamesas não tinham pele suficiente para cobrir o local da operação. Então, foi necessário usar telas de tecido artificial para fazer o preenchimento. “Agora, é esperar para ver como elas vão reagir. Claro que tem a possibilidade de termos que fazer novas cirurgias, caso haja algum problema ou rejeição das telas”, disse o médico. 

De acordo com o HMI, 12 profissionais, entre cirurgiões pediátricos, médicos intensivistas, anestesistas, cardiologistas, nefropediatra e enfermeiros participaram da cirurgia de separação. 

Recuperação 
Mesmo com o quadro de saúde gravíssimo, a família mantém a fé de que as gêmeas Anny Beattriz e Anny Gabrielly se recuperem e se desenvolvam a partir de agora. “Estamos orando a Deus pela vida das minhas filhas. Eu entrava todos os dias para ficar perto delas e falava que o papai as ama, que estamos esperando ansiosos pela volta delas para pegar no colo e acariciá-las”, disse o pai. 

Inicialmente, pensava-se que as duas compartilhavam o mesmo coração. Porém, um exame feito no dia 12 de dezembro identificou que, ao contrário do que foi avaliado antes do nascimento, as gêmeas não dividiam o órgão. Fonte: G1

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