Ano sim, ano não, depois da alegria das festas de Natal e Ano-novo, as pessoas assistem a posse dos executivos eleitos. Este ano foi da presidenta e dos 27 governadores. Seria uma cena deprimente, não estivesse o brasileiro se acostumado com tantas promessas vazias e realizações zero.
Em cada posse se elege um tema da moda. Como o governo federal modificou uma lei para camuflar que gastou milhões acima do que arrecadou, a ladainha foi corte de gastos. Agora, vai! Todo mundo vai gastar pouco, refazer contratos.
A maioria ou está se reelegendo ou já ocuparam o posto por anos a fio. De concreto, só o governador de Mato Grosso do Sul já cortou o salário pela metade.
Há dezoito meses consecutivos o crime aumenta em São Paulo. Geraldo Alckmin está no posto pela quarta vez. E a cada posse repete que vai enfrentar a criminalidade. Serão oito anos consecutivos. A justificativa do governador para o aumento da violência é que agora se faz boletim de ocorrência pela internet. Mesmo que fosse verdade, que não é, não importa para ele que os crimes já existiam de fato e apenas não eram comunicados porque a população não dispunha de meios.
Os chamados “analistas políticos” se deslumbram em apontar a sinalização desse ou daquele governador. Dilma sinaliza... Os governadores do Nordeste sinalizam... Pimentel sinaliza... É uma embromação de cumplicidade duvidosa que já transbordou a paciência do brasileiro.
Com a sua sinceridade de sempre, Dilma Rousseff disse que não retiraria direitos do trabalhador nem que a vaca tossisse. Antes mesmo da posse, os direitos, se não foram retirados totalmente, foram dificultados ao máximo. O que se adquiria num mês foi para vários meses à frente. E encerrou o discurso de posse dizendo que no seu governo os brasileiros só ganhariam mais, mais e mais direitos.
Costumo definir como cinismo administrativo brasileiro. Não existe exemplo maior do que a presidenta dizer que vai melhorar a educação e segurança escolhendo como ministro Cid Gomes e Jaques Wagner, que deixou a Bahia como um dos estados com maior índice de criminalidade do Brasil. E fecha com um ministro assumidamente ignorante para a pasta dos esportes, com uma olimpíada a ser realizada no próximo ano. Com exceção das pastas ligadas à economia, os demais ministérios não têm a menor relevância que sejam ocupados por qualquer um. Quem escolhes três ministros como esses não quer gestão nenhuma.
Outro mote absolutamente novo nas posses é que agora todos vão investir para valer na educação. Agora, vai! Não precisa pesquisa porque dá para lembrar que foi assim em todas as posses recentes. E a juventude está concluindo o ensino médio nas chamadas escolas públicas sem saber quais são as letras vogais e consoantes. Constato pessoalmente essa situação todo ano. Não sabem isso dentro de um contexto de conhecimento. De verdade, eles não sabem nada.
No Brasil, os índices de violência são tão altos, tão altos, que deveria sofrer uma estagnação natural. Não teriam mais como subir. Mas, seguindo os índices atuais, com a maioria sendo os mesmos que estão governando ou já governaram, daqui a quatro anos, mais de 200 mil brasileiros terão sido assassinados, com apuração e punição de 1% dos casos; e mais outros 200 mil terão morrido nas estradas. As crianças ainda terminarão o ensino médio sem saber o nome de um estado e de uma capital de qualquer região brasileira.
Caso voltemos às ruas como em Junho de 2013, aí a coisa pode mudar. Se continuarmos exercendo a cidadania apenas na internet e culpando os outros sem fazer nada, assim como foi em 2010, 2002, os governos nem precisarão mudar o discurso. E confirma que o dia 1º de janeiro é o dia da mentira oficial.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
"NÃO EXISTE DEMOCRACIA ONDE O VOTO É OBRIGATÓRIO"
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