A americana Brittany Maynard, que sofria de um câncer no cérebro, cumpriu sua promessa e morreu por suicídio assistido no sábado, dia 1º de novembro, em sua casa no Oregon, nos Estados Unidos, de acordo com grupo Compassion and Choices.
"É com pesar que anunciamos a morte da querida e incrível mulher Brittany Maynard. Ela morreu em paz em sua cama, cercada pela sua família e entes queridos", disse o comunicado da ONG.
Após descobrir que tinha um tumor maligno no cérebro, a jovem de 29 anos se mudou para o Oregon para se beneficiar da lei do Estado que permite o suicídio assistido.
No início da semana, ela havia divulgado uma mensagem em que cogitava adiar sua decisão de morrer, mas isso acabou não ocorrendo.
"Adeus a todos os meus queridos amigos e família que eu amo", escreveu em sua conta no Facebook.
"Hoje é o dia que eu escolhi para morrer com dignidade por causa da minha doença terminal, esse terrível câncer no cérebro que tomou tanto de mim ... mas que poderia ter tomado muito mais", escreveu o jovem, segundo a revista Time.
"Adeus mundo"
"O mundo é um lugar bonito, viajar tem sido a minha forma de aprendizado... Agora, enquanto escrevo, tenho uma corrente de apoio em volta da minha cama ... Adeus, mundo. Espalhem boas energias. Retribuam!".
Maynard, que decidiu criar uma plataforma para arrecadar fundos para aqueles que defendem o direito à morte digna, dedicou seus últimos dias de vida a cumprir uma lista de desejos e aventuras que queria fazer antes de morrer.
"Ela era uma viajante aventureira e bem-sucedida que passou muitos meses vivendo sozinha e dando aulas em orfanatos em Katmandu, no Nepal", diz um obituário da jovem divulgado no site www.thebrittanyfund.org e reproduzido pela organização que a assistiu, a Compassion and Choices.
"Essa experiência mudou para sempre a sua perspectiva em relação a infância, felicidade, privilégio e resultados. Ela adorou seu período no Vietnã, Camboja, Laos, Cingapura e Tailândia. Passou um verão trabalhando na Costa Rica e viajou para a Tanzânia, onde escalou o Kilimanjaro com uma amiga antes do seu casamento."
"Ela teve aulas de escalada em Cayambe e Cotopaxi, no Equador, e era uma ávida mergulhadora, que experimentou Galápagos, Zanzibar, Ilhas Cayman e basicamente toda ilha que visitou."
Alguns dias antes de desistir da data prevista para sua morte, Brittany realizou o sonho de visitar o Grand Canyon com sua família.
"Tive a oportunidade de desfrutar meu tempo com as coisas que mais amo na vida: minha família e a natureza", afirmou a jovem em seu blog.
Debate
A história da menina ficou conhecida por um vídeo postado no YouTube e visto por milhões de pessoas.
No vídeo, ela explicou que tomaria remédios prescritos por um médico para morrer no quarto que dividia com o marido, na companhia de entes queridos e ouvindo a música que escolheria. Evitaria, assim, as piores fases de sua doença.
A história de Maynard reacendeu o debate sobre a eutanásia nos Estados Unidos.
Maynard escolheu o dia 1º de novembro, dois dias após o aniversário de seu marido, Dan Diaz, para morrer.
Recém-casados, ela e seu marido se mudaram da Califórnia para Oregon, um dos cinco Estados dos EUA onde o suicídio assistido por médicos é permitido.
Só neste Estado, 750 pessoas foram beneficiadas com esta lei, aprovada em 1998, e morreram com a ajuda de um médico desde então.
Em um dos últimos textos que escreveu, Maynard disse que seu sonho é que todos os americanos que sofram de doença terminal possam morrer da forma como preferirem. Foto: Reprodução -Fonte: BBC BRASIL
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