A construtora Odebrecht publicou nesta segunda-feira (6) um anúncio nos principais jornais do país, afirmando que a reportagem da edição de ÉPOCA desta semana traz “informações inverídicas” a respeito de um de seus contratos com a Petrobras. De acordo com o texto, assinado pelo diretor-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, a reportagem ilustra a “irresponsabilidade da qual a Odebrecht vem sendo alvo” e se baseia em “supostos vazamentos” da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A Odebrecht afirma que o contrato entre ela e a Petrobras, exposto na reportagem“Propina para todo mundo”, publicada por ÉPOCA no último fim de semana, não comprova as denúncias publicadas. Diz que a reportagem a coloca em posição de desvantagem, e que ÉPOCA publica informações de um “criminoso confesso”.
Finalmente, a Odebrecht sustenta que ÉPOCA usa o “artifício de publicar a imagem de extrato de contrato público para demonstrar a existência de prova documental”. “Quero deixar registrada aqui minha indignação com estas acusações covardes que sofremos, mas, acima de tudo, assegurar minha total confiança em todos os nossos integrantes”, afirma Marcelo Odebrecht.
Com base em documentos, nos testemunhos de três investigadores do caso e de dois participantes dos negócios, a reportagem de ÉPOCA afirma que Paulo Roberto Costa confessou ter ajudado a Odebrecht e outras empreiteiras a conseguir contratos na Petrobras com um superfaturamento de 18% a 20%. E afirma que a Odebrecht , por meio de seus diretores Rogério de Araújo e Márcio Faria, assinou um contrato de R$ 3,1 bilhões com a Petrobras para construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Araújo, segundo as testemunhas relataram à reportagem de ÉPOCA , foi citado por Paulo Roberto no depoimento que prestou em sua delação premiada. Em contrapartida, Paulo Roberto afirmou em seu depoimento, de acordo com essas mesmas testemunhas, ter recebido US$ 23 milhões em contas na Suíça. A agenda de Paulo Roberto contém anotações de almoços com os diretores no Rio de Janeiro. Seu sigilo telefônico registra chamadas telefônicas entre eles e Paulo Roberto.
O objetivo de ÉPOCA ao publicar o contrato entre a Odebrecht e a Petrobras não foi, como afirma o anúncio da Odebrecht, “justificar a veracidade da história criada”, mas tão-somente comprovar que o diretor da Odebrecht citado por Paulo Roberto assinara mesmo o documento. Procurada por ÉPOCA, a Odebrecht enviou nota em resposta aos questionamentos da reportagem, e sua resposta foi publicada, como segue: “A Odebrecht nega veementemente ter feito qualquer pagamento, depósito ou aberto conta em nome de qualquer diretor ou ex-diretor da Petrobras e seus familiares. A empresa afirma, por meio de nota, que há décadas mantém contratos com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas. De acordo com a Odebrecht, Rogério Araújo e Márcio Faria são alguns dos executivos da empresa que se relacionam com diversas áreas da Petrobras para tratar exclusivamente de assuntos profissionais. ‘Não existe e nunca existiu negociação de contratos fora dos termos das licitações’, diz a nota. A Odebrecht afirma estar inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que for solicitada a fazê-lo.”
ÉPOCA não endossa necessariamente as denúncias de Paulo Roberto. Acredita, sobretudo, que cabe às autoridades apurá-las para punir os responsáveis pelos crimes que vierem a ser comprovados, como elas têm feito até agora. http://epoca.globo.com/
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