Lucas Azevedo/Do UOL, em Porto Alegre
A avó materna do menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril deste ano no noroeste do Rio Grande do Sul, prestou depoimento à Justiça nesta quinta-feira (30).
Testemunha de acusação na ação criminal de autoria do Ministério Público sobre a morte do garoto, ela reforçou que o neto era mal tratado pelo pai e pela madrasta, e revelou que foi agredida pelo ex-genro, Leandro Boldrini, depois da morte da filha.
Jussara Uglione, 74 anos, depôs ao juiz Ulysses Fonseca Louzada, na 1ª Vara Criminal do Foro de Santa Maria, na região central do Estado.
Debilitada devido às duas internações hospitalares no último mês por complicações cardíacas, a aposentada disse que o relacionamento com o Leandro sempre foi conturbado, mas piorou depois do suicídio de Odilaine, mãe de Bernardo.
Ela lembrou que Leandro tirou o celular de Bernardo supostamente para impedi-la de falar com o garoto. Jussara contou que foi três vezes a Três Passos e foi recebida pelo ex-genro apenas na última tentativa, e que, dessa vez, durante reunião com o advogado do pai do garoto, foi atingida por um chute dado por Leandro.
Na ocasião, eles tratavam da guarda do menino. "Foi no consultório dele. Foi quando ele me agrediu, me deu um chute na perna. Eu tinha ido pegar uma água para o Bernardo e ele deu o chute. Meu tornozelo ficou roxo".
A aposentada disse ainda que era foi informada que o menino andava mal-vestido por uma costureira amiga da família. De uma babá do garoto, ouviu que ele não possuía mais a chave de casa e que ele teria sido sufocado pela madrasta, Graciele Ugulini.
Jussara lembrou ainda que, no enterro da filha, Leandro compareceu acompanhado de dois seguranças e vestindo um colete à prova de balas. Ao juiz, ela falou sobre a morte da filha ocorrida em 2010. "Era uma menina miúda, magra, não tinha braço para segurar um revólver", avalia. Segundo ela, Leandro assassinou a ex-mulher e simulou um suicídio.
A aposentada disse que Odilaine andava animada e segura com a separação: "Eu estava na praia e Odilaine voltou para Santa Maria. Ela me ligou e disse: 'Amanhã estou saindo daqui, vou procurar uma casa para nós três morarmos juntos e vamos seguir a vida'".
Em 26 de novembro serão retomadas as audiências no município de Três Passos, dessa vez com as testemunhas de defesa.
Relembre o caso
Bernardo Boldrini, 11 , foi encontrado morto no dia 14 de abril, depois de dez dias de buscas. Seu corpo estava enterrado em uma cova rasa, no interior do município de Frederico Westphalen, cidade vizinha a Três Passos, onde ele morava com o pai, o médico Leandro Boldrini, e a madrasta, a enfermeira Graciele Ugulini.
O casal e, uma amiga, Edelvânia Wirganovicz, e seu irmão, Evandro Wirganovicz, são acusados de homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver.
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