A atuação russa na Crimeia exala toda a firmeza, ambição e pompa de uma potência imperial. Uma ação militar sem complexos; discursos grandiloquentes no esplêndido salão de São Jorge, no Kremlin; indiferença desafiadora perante as ameaças de represálias ocidentais: todas as peças parecem se encaixar no mosaico imperial. Mas, por baixo dessas demonstrações de força, jaz uma realidade cheia de fragilidades.
O PIB da Rússia (2 trilhões de dólares, cerca de 4,7 trilhões de reais) é, na atualidade, do mesmo tamanho que o da Itália, um país economicamente estagnado há vários anos, politicamente paralisado e substancialmente irrelevante em nível global. As titânicas ambições do Kremlin habitam um corpo econômico relativamente miúdo: uma quarta parte do PIB chinês; uma oitava parte do norte-americano.
Naturalmente, vários elementos situam a Rússia em outro planeta geopolítico com relação à Itália. Um aterrador arsenal nuclear; Forças Armadas vetustas em certos aspectos, mas poderosas e em vias de renovação; poder de veto no Conselho de Segurança da ONU; extraordinárias reservas energéticas; a profundidade estratégica garantida pelos laços históricos com as outras ex-repúblicas soviéticas; uma extensão territorial sem comparação.
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