Manifestantes jogam cuecas no plenário da Câmara de Americana

Cuecas atiradas no plenário da Câmara de Americana (127 km de São Paulo) na noite de quinta-feira (28)

Manifestantes atiraram cuecas plenário da Câmara de Americana (127 km de São Paulo) na noite de quinta-feira (28) em protesto contra a declaração de vereador, considerada machista. Houve bate-boca. O vereador afirmou que foi mal interpretado, mas que pretende se retratar.

O discurso, feito por Eduardo da Farmácia (SDD), ocorreu dia 20 de fevereiro. Na ocasião, o vereador falava durante o debate sobre um projeto de lei que autorizou a criação do programa Bolsa-Creche quando afirmou que "o ideal seria que os maridos tivessem salários melhores para que as esposas pudessem ficar em casa, cuidando dos filhos".

Grupos que acompanham o trabalho do Legislativo, como o Pula Catraca e a Frente Feminista de Americana, não gostaram da declaração e organizaram o protesto.

"Foi uma atitude machista do vereador. Ele passou dos limites. O ato simboliza o desacordo com essa visão de mundo. Ao jogar as cuecas no plenário, queremos dizer que o parlamentar deve lavar as próprias cuecas e que a decisão de ficar, ou não, em casa para criar os filhos cabe a cada pessoa. Mulher não tem que ficar e casa, tem que ficar onde ela quiser", disse Denis Carvalho, coordenador do Pula Catraca.

Já a manifestante Talita Fonseca afirmou que se sentiu "profundamente ofendida". "A declaração é deprimente, ainda mais porque estamos muito próximos aos Dia Internacional de Mulher, comemorado em 8 de março", disse.

Outro lado

O vereador afirmou que foi mal interpretado, mas que pretende se desculpar.

"A fala foi retirada de contexto. O que quis dizer é que o salário do provedor, que geralmente é o homem, fosse maior, as mulheres teriam a opção de ficar em casa e dedicar atenção maior à família. Não que seja uma imposição", disse. "Falei com inocência. Mas, se pessoas se sentiram ofendidas, tenho a obrigação de me retratar", comentou.

Durante o protesto, Carvalho xingou o vereador de "idiota". O clima esquentou, mas tanto o manifestante quanto o vereador afirmaram que a questão já foi resolvida.

"Infelizmente eu errei mesmo (...) mantenho meu protesto quanto ao repúdio a fala em tom machista ao vereador, mas com toda a humildade que me foi ensinada pelos meus pais, peço desculpas a ofensa que proferi. Talvez até sirva de exemplo, pois todos somos passíveis a erro e este foi mais um meu", disse Carvalho.

O parlamentar afirmou que a discussão "faz parte do processo democrático" e que a questão "já está totalmente superada".  Eduardo Schiavoni/Do UOL, em Americana (SP)Valdir Moreira/Rádio Azul Celeste