Para melhorar as contas fiscais, o governo atrasou neste início de ano os pagamentos às empresas que constroem as habitações destinadas às famílias de renda mais baixa inscritas no Minha Casa, Minha Vida. No mesmo mês em que recebe a agência de classificação de risco Standard & Poor's, que colocou a nota do País em xeque pela desconfiança em relação à política fiscal, a equipe econômica tem recorrido ao mesmo artifício que usou para fechar as contas do ano passado: segurar os repasses feitos aos bancos oficiais do dinheiro destinado a pagar as construtoras pelo andamento das obras.
O 'Estado' ouviu dezenas de construtoras que atendem famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil (faixa 1). Sob a condição de anonimato, com medo de represálias do governo, os empresários foram unânimes em confirmar os atrasos, que chegam, em alguns casos, a um mês. O que impressionou o setor foi o governo represar os pagamentos no segundo mês do ano. No fim do ano passado, foi a primeira vez, desde 2009 (quando o programa foi criado), que houve atrasos nos pagamentos às construtoras, mas os empresários achavam que a prática só seria usada para o fechamento das contas anuais.
O objetivo do governo, porém, é tornar os dados fiscais de fevereiro "menos ruins", como definiu uma fonte da equipe econômica. Diante da frustração da arrecadação no mês passado, e com a enorme pressão colocada pelo mercado financeiro e por investidores externos ao comportamento mensal dos dados fiscais, o governo se viu "forçado" a represar despesas. Estadão Conteúdo
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