A noa da presidente Dilma Roussef da semana passada, dá a impressão de que só agora ela ficou sabendo das incongruências sobre a compra da refinaria Pasadena em 2006, conforme explicitado no que escreveu e de acordo com a ordem para demitir Cerveró só agora. Cerveró foi o diretor que encaminhou a compra na época e atualmente era diretor Financeiro da BR Distribuidoras, da Petrobrás. Dilma mente.
. A pergunta mais enunciada no momento é a seguinte: por que Dilma demoroutanto para agir. Ela se omitiu durante oito anos.
. O jornalista Reinaldo Azevedo conta que reportagem da VEJA desta semana intitulada “Um poço de suspeitas” agrega um documento novo ao imbróglio de Pasadena — aquele que está lá no alto da página. A revista não tinha chegando aos assinantes de Porto Alegre até este domingo de manhã. Leia o que esta página editou sobre a nota de Azevedo:
. No dia 2 de julho de 2008, o então procurador-geral da Fazenda Nacional, Luis Inácio Adams, que é hoje advogado-geral da União, enviou à então secretária-geral da Casa Civil, Erenice Guerra, um e-mail em que solicitava que se incluíssem na ata de uma reunião do conselho de administração da Petrobras duas ressalvas sobre a compra da refinaria de Pasadena. A primeira advertia que a tal Cláusula Marlim (aquela segundo a qual a Petrobras garantia à sua sócia, Astra, uma rentabilidade anual de 6,9% independentemente dos resultados da refinaria) não havia sido objeto de aprovação. A segunda informava que a diretoria executiva da empresa havia aberto um procedimento para investigar a falha.
. O e-mail reforça a informação de que o conselho acabou aprovando, originalmente, uma operação sem ter conhecimento de todos os dados. Mas, então, que fique claro:
O e-mail reforça a informação de que o conselho acabou aprovando, originalmente, uma operação sem ter conhecimento de todos os dados. Mas, então, que fique claro: a partir de 2 de julho de 2008, Dilma não poderia alegar ignorância de mais nada.
Reportagem da Folha publicada neste domingo informa que a direção da Petrobras defendeu diante do conselho, no dia 3 de março de 2008, a compra da outra metade da refinaria — e de seu estoque de óleo — por US$ 788 milhões. Sabem quem foi, de novo, o orador da turma? Nestor Cerveró — sim, o tal senhor que Dilma mandou agora demitir. Era ele quem falava, mas o fazia em nome de toda a direção executiva da Petrobras, a saber: José Sérgio Gabrielli, então presidente, e os diretores Graça Foster, Almir Barbassa, Renato Duque, Cerveró (afastado da diretoria da BR Distribuidora) e Paulo Roberto da Costa (preso em operação que apura lavagem de dinheiro).
Note-se: isso aconteceu no dia 3 de março de 2008. O que se debateu, então, nessa reunião era a tal cláusula “PuT Option”. Até porque, ATENÇÃO PARA OUTRO DADO, a Astra já havia recorrido à Justiça americana no ano anterior: 2007! Se Dilma não sabia de nada em 2006 porque o resumo executivo de Cerveró era incompleto, ela certamente tomou ciência — NEM QUE FOSSE COMO MINISTRA DA CASA CIVIL, NÃO COMO PRESIDENTE DO CONSELHO — da ação judicial. Não fosse isso, teria sido informada de sua existência no dia 3 de março de 2008; se escapou de ficar sabendo ali, o e-mail de Adams, do dia 2 julho, era mais uma advertência.
. Dilma não apenas se omitiu como ouviu a nova exposição de Cerveró. O conselho se recusou a pagar o que pediam os belgas, e a Petrobras teve de ir à Justiça se defender. Contratou um escritório de advocacia por US$ 7,9 milhões ligado a ex-integrantes da cúpula da empresa. por Polibio Braga
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