Juliana Braga/Do G1, em Brasília
Após a polêmica gerada por conta dos gastos da comitiva presidencial durante uma escala em Lisboa, a presidente Dilma Rousseff decidiu ficar hospedada na embaixada brasileira em Roma, na Itália, durante viagem que fará para participar da oficialização do arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, como cardeal, neste sábado (22). Essa é a primeira viagem internacional da chefe do Executivo depois que ela retornou de Cuba, país que visitou após a passagem pela capital portuguesa.
Em janeiro, ao retornar de uma viagem à Suíça, onde havia participado do Fórum Econômico Mundial, Dilma fez uma escala em Lisboa que não estava prevista em sua agenda oficial. Na ocasião, a comitiva presidencial se hospedou em dois hotéis de luxo da cidade, o Ritz e o Tivoli. A presidente se hospedou em uma suíte presidencial do Ritz, ao custo de 8 mil euros por dia, o equivalente a R$ 26,2 mil.
Diante da repercussão negativa da escala sigilosa, a Secretaria de Imprensa da Presidente justificou a parada em Lisboa como uma necessidade técnica, já que o avião usado pela presidente não tinha autonomia para viajar da Suíça para Cuba sem escalas. O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, também alegou que a embaixada do Brasil em Portugal não poderia receber toda a comitiva que acompanhava a presidente.
A informação de que Dilma se hospedará na chancelaria do Brasil na capital da Itália foi dada nesta quinta (20) pelo subsecretário-geral Político I do Ministério de Relações Exteriores, embaixador Carlos Antônio Paranhos. O diplomata não quis revelar a previsão de despesas da comitiva presidencial em Roma alegando que os gastos são "confidenciais".
"Essa questão dos gastos sempre vem à baila, mas espero que vocês entendam que, todas essas questões de gastos e hospedagens são dados de natureza confidencial", declarou.
O G1 questionou a Secretaria de Imprensa da Presidência sobre o tamanho da comitiva que irá acompanhar Dilma à solenidade do Vaticano e também sobre o custo estimado da viagem, mas o órgão limitou-se a responder que essas informações são confidenciais.
Paranhos disse que os gastos da presidente, assim como de qualquer autoridade, são auditados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "São naturalmente objeto de um processo de supervisão, auditoria, etc", destacou.
Polêmica em Roma
A última viagem oficial da presidente da República a Roma, em março do ano passado, para participar da missa inaugural do papa Francisco, também gerou polêmica devido ao alto custo da hospedagem de sua comitiva.
Reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" revelou que durante a estadia de Dilma pela capital italiana foram alugados 52 quartos e 17 carros. Segundo a publicação, somente no Westin Excelsior, hotel localizado em um dos endereços mais sofisticados de Roma, foram reservados 30 quartos, um deles transformado em escritório para a presidente. As diárias no hotel custavam, à época, entre R$ 910 e R$ 7.700.
Audiência com o Papa
A presidente Dilma Rousseff embarcou nesta quinta, por volta de 16h30, de Porto Alegre para Roma, onde irá participar do consistório, cerimônia na qual o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, será oficializado como cardeal.
A previsão é de que a chefe do Executivo desembarque apenas no início da tarde desta sexta (21) à capital italiana. No mesmo dia, ela terá um encontro privado com o Papa Francisco, no Vaticano.
Antes de se reunir com o pontífice, a presidente da República será recebida pelo colega italiano Giorgio Napolitano. O subsecretário do Itamaraty refutou qualquer possibilidade de Dilma tratar sobre a extradição do brasileiro Henrique Pizzolato, condenado pelo mensalão e preso na Itália, durante a audiência com o presidente italiano. "O processo, digamos assim, de solicitação de extradição tem suas vias próprias", explicou Carlos Antônio Paranhos.
Na manhã de sábado (22), Dilma participa do consistório. Já no domingo (23) o Papa Francisco celebrará uma missa na Basílica de São Pedro, na qual Dilma também irá participar.
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