Um pregão inusitado, ocorrido em maio e só divulgado nesta terça-feira, 5, mostra que a prefeitura de Xique-Xique, município situado a 591 quilômetros da capital baiana, não está preocupada só com os munícipes vivos - reserva certa atenção para os futuros mortos. A empresa Calvert de Lima Barros foi a vencedora da disputa comercial que lhe rendeu R$ 250.700 (duzentos e cinquenta mil e 700 reais) para prestar serviços funerários à prefeitura, incluindo o caixão, flores, velas e outros acessórios necessários ao verbo "defuntar", como definiu certa vez a morte o escritor português José Saramago. O resumo da negociação foi publicado no Diário Oficial do Município de Xique-Xique do dia 2 de maio de 2013, página 4.
Pode-se dizer que Xique-Xique trata a questão da morte com certa espiritualidade: lá existe uma funerária que oferece aos seus clientes caixões pintados com as cores e escudos de times de futebol, para que o torcedor leve sua paixão clubística para o além. Porém ainda não chegou ao município baiano, que fica situado no Médio São Francisco, nas margens do rio, a "moda" implantada pelo Boca Juniors da Argentina, que construiu um cemitério exclusivo para seus fanáticos torcedores. Explicação para o contrato seria enviada pela assessoria de imprensa da prefeitura, mas isso não ocorreu até o fechamento da matéria porque a burocracia parece ter predominância sobre qualquer coisa em Xique-Xique. A resposta, conforme a assessoria, seria dada apenas se fosse enviado um e-mail com pedido formal e com timbre do A Tarde. Dez foram enviados e a resposta não veio.
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