Enquanto milhares de pessoas sofrem todos os dias para conseguir um prato de comida, a Escola Municipal Maria do Céu Fernandes, no bairro de Santos Reis, em Parnamirim, conseguiu desperdiçar mais de 900 kg de alimentos não-perecíveis.
A informação foi repassada pela vice-diretora da escola, Olganeyr Xavier de Mesquita. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, os alimentos foram recolhidos no dia 30 de outubro e, após laudo da Vigilância Sanitária de Parnamirim, foram encaminhados para estação de transbordo de Ceará-Mirim, sob responsabilidade da Braseco/SA.
A secretária titular da pasta de Educação em Parnamirim, Vandilma Maria de Oliveira, explicou que a situação se deu em função da greve dos professores da rede municipal, que paralisaram as aulas no período compreendido entre 3 de junho a 7 de outubro. Durante esses quatro meses, a direção da escola continuou recebendo a merenda como se as atividades na unidade estivessem funcionando normalmente.
“A Escola Maria do Céu foi a única escola do município que fez greve em sua totalidade e, nesse período, a merenda continuou sendo entregue normalmente, acumulou no depósito e ocasionou em gorgulhos devido ao acondicionamento em ambiente quente e fechado. Porém, eu considero o que aconteceu como um fato isolado”, afirmou.Vandilma foi questionada sobre o porquê de a escola continuar recebendo a merenda se as aulas não estavam acontecendo e, consequentemente, não haveria alunos para consumir os alimentos. “Isso é o que nós também queremos saber. Eu não posso dizer o que aconteceu para a escola ter continuado a receber os alimentos. Mas certamente houve uma negligência por parte da gestão, não posso negar. Porém não vejo esse fato com tanto impacto, já que as demais escolas não passaram por esse problema”, disse.
Ainda segundo a secretária, a Educação abriu um processo de sindicância para apurar as responsabilidades da escola. “Estamos aguardando apenas a publicação da portaria. De qualquer forma, a diretora da escola não poderá responder por isso sozinha, uma vez que a situação envolve muitas pessoas”, avaliou Vandilma. Até o dia da recolhida dos alimentos estragados, a Escola Municipal Maria do Céu Fernandes estava sob a direção de Maria da Conceição, que foi afastada da unidade por quinze dias, segundo Vandilma, por estar “emocionalmente abalada”.
A vice-diretora, Olganeyr Xavier, também acusa a diretora por ter errado ao receber a merenda em período de greve. “Alertamos isso diversas vezes, pois a despensa da nossa escola já tinha apresentado problemas com gorgulho. E era óbvio que eles acabariam se ploriferando. O erro dela [Maria da Conceição] foi em não ter avisado à Secretaria de Educação que não era necessária a mesma quantidade da merenda”, destacou.
Entre os mais de 900 kg de alimentos desperdiçados, conforme explicou Olganeyr Xavier, estavam inclusos macarrão, arroz, vitamilho, farinha de trigo, maizena e feijão, em menor quantidade. “Todos eles foram entregues com a validade em dia. Eram produtos novos, bons de usar. Mas o clima abafado em que eles ficaram foi favorável ao desperdício”, conta a vice-diretora. Atualmente, cerca de 780 alunos estudam na Escola Municipal Maria do Céu. A quantidade de alimentos desperdiçados daria para alimentar esses estudantes em período de quatro a seis meses, conforme análise de Olganeyr.
Apesar da situação apresentada, a secretária de Educação garante que o problema foi resolvido. “Todas as nutricionistas da Secretaria estão avaliando as condições dos alimentos nas escolas e os coordenadores dessas unidades também estão atentos. É importante ressaltar que nenhum alimento da Maria do Céu se estragou por desuso, já que a validade estava em dia, mas sim pelo acondicionamento. Porém, ficaremos mais atentos para que isso não volte a acontecer”, afirmou Vandilma Maria de Oliveira.
Desperdício também pode ter acontecido em outras escolas
O mesmo desperdício de alimentos citado na Escola Maria do Céu também foi encontrado em outras escolas de Parnamirim, porém em menor quantidade. A denúncia foi apresentada pelo vereador Gildásio Figueiredo. Segundo ele, também houve relato de alimentos impróprios para consumo nas escolas municipais Carlos Alberto e Nestor Lima, ambas no bairro Passagem de Areia; e na Escola Municipal Luiz Maranhão, em Monte Castelo.
“Acho que essa situação comprova um total descontrole da Secretaria de Educação, no quer diz respeito à distribuição e recebimento da merenda escolar. É preciso saber de que forma esse sistema funciona. Se a secretaria não tiver controle da entrada e saída de alimentos nas escolas, se não tiver como manipular isso, o problema pode voltar a acontecer”, destacou o parlamentar.
Ainda segundo Gildásio Figueiredo, há denúncias de que diversas escolas possuem grande quantidade de produtos como óleos e temperos, por exemplo, sem serem utilizados devidamente. “A merenda pode não ter sido estragada em todas as escolas, mas sei que o que aconteceu na Escola Maria do Céu não é um fato isolado. As unidades de ensino precisam ter melhor controle desses alimentos e estarem sempre atestando sua qualidade”, avaliou.
Fonte: Jornal de Hoje
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