Os credores do Banco Cruzeiro do Sul (BCSul) pedem R$ 113 milhões ao Morgan Stanley, com notificação judicial, referente à venda de ações pelos ex-controladores Luís Octavio e Luiz Felippe Índio da Costa, justamente duas semanas antes da intervenção do Banco Central. Os dois são acusados de provocar a falência do banco e causar prejuízo de R$ 3,8 bilhões ao Sistema Financeiro. Ficaram conhecidos também pela contribuição a campanhas de políticos. O principal beneficiado teria sido José Serra, que se candidatou à presidência tendo o sobrinho e primo dos ex-controladores como vice, o ex-deputado Índio da Costa. A Polícia Federal investiga se as verbas fraudulentas eram colocadas em paraísos fiscais, contas de laranjas ou campanhas políticas, como de Serra.
Documentos revelados anteriormente apontavam que os banqueiros chegaram a grampear o Banco Central. Duas semanas antes do BC decretar a intervenção do BCSul, os ex-controladores providenciaram a venda de R$ 89 milhões em ações preferenciais (sem direito a voto) ao fundo de investimento Caieiras, sob gestão do Morgan Stanley, de acordo com informações da Folha de S. Paulo. O pagamento recebido, em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), permaneceram depositados no próprio Morgan Stanley, como garantia. O contrato firmado entre as duas partes previa ainda a recompra dessas ações pelos ex-controladores, futuramente.
Com a entrada do Cruzeiro do Sul em regime de recuperação e com a suspensão de suas ações, o Morgan Stanley considerou que a operação estava encerrada, colocou preço zero nos papéis e ficou com os CBDs. A notificação dos credores do BCSul ressalta que a operação não deveria ter sido desfeita, já que logo depois as ações voltaram a ser negociadas e que só foram retiradas depois que o banco foi liquidado.
Para o Cruzeiro do Sul, o Morgan deve devolver os R$ 113 milhões, já que os bens da família Índio da Costa ficaram indisponíveis quando o banco entrou em regime de recuperação. Já para o Morgan, conforme apurou a Folha, o valor não se enquadra entre os bens da família justamente porque a operação foi fechada antes do regime.
No total, nas eleições de 2006, 2008 e 2010, foram quase R$ 12 milhões doados pelo Banco Cruzeiro do Sul a políticos de diversas legendas partidárias - tendo o PSDB como o mais beneficiado. A campanha do governador do Rio, Sérgio Cabral, para sua reeleição, recebeu R$ 200 mil. A de José Serra para presidência, em 2010, recebeu cerca de R$ 4 milhões, contando com verbas distribuídas para diretórios empenhados na campanha, por exemplo. Se a fonte dessas verbas eram as operações fraudulentas do banco, contudo, ainda está sendo investigado pela Polícia Federal.
De acordo com documentos revelados pela Isto É em maio deste ano, que faziam parte de relatório da Comissão de Inquérito do BC, o BCSul contava com a "omissão de grandes empresas de consultoria e até com um aparato de arapongagem que garantia acesso a informações privilegiadas".
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