"Olha o suco de laranja!"; "Abaixou hoje, hein?"; "Olá, doutor!"; "Oi, minha querida"... É assim, chamando a atenção para os produtos da lanchonete em que trabalha, cumprimentando de forma gentil e distribuindo sorrisos, que Aldo Santos Cerqueira tornou-se o "cartão postal" da avenida do Cinquentenário, principal artéria comercial de Itabuna. O comerciário de 42 anos, casado com Cosmira Ribeiro de Souza, é pai de três filhas (Rafaela, Samille e Rosana) e avô de dois netos (Pablo e Kauane). Ele faz muito mais do que a dita obrigação, domina na prática a arte de vender e, por isso, ganha notoriedade no que faz. Além, é claro, de exibir uma visão totalmente positiva da vida.
Há quanto tempo você é funcionário da lanchonete Kiko's Lanches?
30 anos. Eu já tive vários empregos, só que estou aqui há 30 anos já.
Na sua opinião, o que melhorou na avenida do Cinquentenário nesses 30 anos?
O movimento tá bom. Tem mais gente circulando, mais emprego, muita gente vem de fora, pro comércio, fazer suas compras. Esse ano mesmo vai movimentar muito o comércio de Itabuna.
Por quê?
Porque tá chegando o Natal! Aí o comércio começa a movimentar.
E esse sorrisão todo?
É porque você ganha comissão com o movimento da lanchonete (risos)? Não, é porque o sorriso atrai o cliente; você tem que conviver com ele. A arma do comércio é o quê? O cliente.
E o que piorou na Cinquentenário nesses anos?
O que piorou? (pausa) Acho que não piorou nada. Pra mim, não piorou nada. Agora, está faltando mais segurança. Falta mais policiamento no comércio, entendeu? Essa parte pode melhorar. Só isso.
Conte uma história marcante desses 30 anos, uma de que você não se esqueceu mais.
(pausa) Meu negócio é só o dia a dia, é só o trabalho. Todo dia é marcante.
Você faz tudo aqui na lanchonete?
Tudo! Eu faço suco de laranja, eu chamo, eu vendo, brinco com o cliente, converso com o cliente. Essa é minha história: estar sempre junto com eles e com elas.
É um prazer trabalhar junto com o cliente.
Poderia ser um palestrante da área de Administração.
Risos e mais risos.
Onde você mora?
No [bairro] Lomanto.
E vem de ônibus pra cá, de segunda a sábado?
Estou aqui todo dia, de 7 horas da manhã a 7 da noite. Venho de bicicleta.
Em época de campanha política, passam muitos candidatos por essa esquina onde você trabalha...
Na época da política, aí é que movimenta mais ainda!
Qual foi a promessa mais absurda que você ouviu de um político passando por aqui?
A promessa mais absurda é ele dizer que vai trazer emprego pra Itabuna e ninguém vê.
Você fala dos candidatos a deputado?
É tudo! Todos eles prometem e os empregos não vêm.
Só o comércio gera empregos em Itabuna...
É só o comércio, a Trifil e a Penalty.
Como você resumiria as pessoas que passam todos os dias pela Cinquentenário?
Eu conheço quase a metade, tanto de fora como daqui. O pessoal compra, brinca, come, bebe, traz mais animação ainda. E eu fico mais alegre por vender.
Diria, então, que o povo de Itabuna é alegre, assim como você...
Sim, é um povo alegre. [a colega Neide Rodrigues completa: Elogiam, botam ele lá em cima, falam que é o 'cartão postal' de Itabuna e que sem ele aqui não vai pra frente. Ele conhece todo mundo. Tem gente que passa, não quer nem comer e aí come por causa dele. Fizeram um facebook pra ele, falam que tá famoso...]
Você se considera o cartão postal da avenida do Cinquentenário?
Eu considero. Porque sou conhecido na região todinha e sou considerado [cartão postal]. Tem gente que vem de Ilhéus, Ibicaraí, Coaraci, Pau Brasil, Feira de Santana, Salvador e chega aqui, toma um suco de laranja, come um pastel e diz que veio [à lanchonete] por minha causa.
E a eficiência lhe trouxe aumentos de salário nesses 30 anos?
Já, já. Meu patrão aqui é 'dez', eu não posso reclamar de nada.
De comerciante a comerciário, de médico a advogado ..., todo mundo procura aqui?
Tudo mundo. E todos eles são meus amigos.
Você nunca teve vontade de abrir uma lanchonete?
Claro! Oxente! (risos) Deus proverá, não é? Tem muito tempo pra isso.
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