O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu nesta sexta-feira (22), em entrevista à Revista Veja, por meio de sua assessoria, que foi ele quem repassou à Polícia Federal (PF) o depoimento de um ex-executivo da Siemens que acusa a cúpula do PSDB em São Paulo de envolvimento com o cartel que operava em licitações de trens e metrô no estado. A informação desmente a versão da PF, subordinada ao Ministério da Justiça, que até então atribuía a origem do documento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade. Revelado na quarta-feira (20), o depoimento envolveu pela primeira vez políticos da cúpula do PSDB nesse caso. No documento, cujo destinatário é desconhecido, o ex-executivo da Siemens Everton Reinheimer, que trabalhou na empresa por 22 anos até 2007, afirma ter provas do envolvimento dos políticos, sem, no entanto apresentá-las. “Tenho em meu poder uma série de documentos (originais) que provam a existência de um forte esquema de corrupção no estado de São Paulo durante os governos [Mário] Covas,[Geraldo] Alckmin e [José] Serra e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa dois do PSDB e do DEM”, disse. Em troca das informações, Reinheimer pede ao destinatário do texto um cargo na direção da Vale do Rio Doce. O documento do ex-executivo envolve quatro secretários do governo do Estado de São Paulo, três do PSDB – Edson Aparecido (Casa Civil), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e José Aníbal (Energia) e um do DEM, Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), além do senador Aloysio Nunes Ferreria (PSDB) e do deputado Arnaldo Jardim (PPS). Todos negam as informações. A assessoria do ministro informou que ele costuma receber denúncias e encaminhá-las aos órgãos responsáveis. Não explicou, no entanto, por que ele passou a semana inteira em silêncio enquanto se discutia a origem do documento, atribuída ao Cade. Cardozo só admitiu que foi ele quem passou o depoimento à Polícia Federal depois de questionado pela reportagem da revista.
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