Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo
A Polícia Federal decidiu indiciar Rosemary Noronha também pela suspeita do crime de formação de quadrilha. A ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo, nomeada para o cargo ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva, já era investigada por tráfico de influência, falsidade ideológica e corrupção passiva. Segundo a Operação Porto Seguro, da PF, ela integrava um esquema de venda de pareceres técnicos de órgãos públicos para empresas privadas.
O delegado federal Ricardo Hiroshi decidiu incluir o nome de Rose na lista de suspeitos de formação de quadrilha após analisar a documentação apreendida no escritório da Presidência em São Paulo no dia em que a operação foi deflagrada, há duas semanas. E-mails da ex-assessora também ajudaram os investigadores a firmar convicção de que ela mantinha "uma relação estável" com outros integrantes do grupo, comandado, segundo a Polícia Federal, pelo ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira.
Nesta semana, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esteve no Congresso para dar explicações sobre a operação. Afirmou aos parlamentares que não havia "uma quadrilha instalada no seio da Presidência", justamente pelo fato de Rose não ter sido acusada de integrar o núcleo central do grupo suspeito.
Demissão. Suspeito de ter beneficiado a empresa Tecondi, reconhecendo a ela o direito de explorar um terminal de contêineres no Porto de Santos, o diretor-presidente da Agência de Transportes Aquaviários (Antaq), Tiago Pereira Lima, pediu demissão ontem. Ele também foi indiciado pela Polícia Federal sob suspeita de integrar a quadrilha de venda de pareceres de órgãos públicos a empresas privadas.
Lima encaminhou sua carta ao Planalto pedindo seu afastamento, mas ela foi direcionada à Secretaria dos Portos. Com a publicação da regulamentação do setor portuário, a Antaq passa a ser vinculada ao ministro Leônidas Cristino, que acolheu imediatamente o pedido de demissão. O ex-diretor da Antaq tem ligações com Paulo Vieira, apontado como chefe do grupo suspeito. / COLABOROU TÂNIA MONTEIRO
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