Em tramitação no Congresso já há mais de uma década, propostas de reforma políticas continuam dividindo as opiniões entre os deputados. As visões divergem sobre quase todos os pontos, tanto que a votação das propostas acabou adiada para 2013. Entre os pontos mais polêmicos se destaca a eventual implantação do financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais.
Atualmente, o financiamento das campanhas é misto, cabendo uma parte a doadores particulares e outra aos cofres públicos, por meio dos fundos partidários e do horário gratuito de televisão e rádio. Os que defendem o financiamento exclusivamente público acreditam que ela vai reduzir a corrupção política e equilibrar a disputa, hoje cada vez mais concentrada na capacidade de cada candidato ou partido de arrecadar recursos.
A ideia é defendida pelo deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC). "Muitos dizem que falta dinheiro para a saúde, para a educação e vamos por na política? É mais barato para o Brasil o financiamento público do que deixar empresas doarem para as campanhas. Aí vai dar caixa 1, caixa 2, caixa 3, caixa 4... e esse país vive nessa bagunça generalizada", afirma.
A opinião é compartilhada pelo deputado Ângelo Agnolim (PDT-TO). "Nós a cada ano, a cada eleição, vemos se agigantar a mercantilização do processo eleitoral. É preciso dar um basta nisso, nós precisamos dar um limite nisso, precisamos de outro modelo de eleições", defende.
Corrupção
O deputado Lincoln Portela (PR-MG), no entanto, afirma que o financiamento público não é antídoto contra a corrupção. "Eu tenho 853 municípios no estado de Minas Gerais. Meus militantes rodarão estes municípios de graça, sem receberem nada? Financiamento público de campanhas com o problema que nós temos de crack no Brasil, com o Brasil violento como nós estamos, tirando dinheiro da casa própria, tirando dinheiro da educação para que os políticos possam fazer as suas campanhas e dizer que isso é contra uma corrupção maior que pode acontecer? Ministério Público está aí fiscalizando", questiona.
Para o deputado Paulo Feijó (PR-RJ), boa parte da responsabilidade é do próprio eleitor. "Ele vota hoje naquela de quem dá mais. É claro que tem muito eleitor que vota conhecendo o candidato, a sua estória, os serviços prestados, sua ideologia, tem também o voto da amizade. Mas hoje só com esse voto não se ganha eleição no Brasil”, critica.
Feijó acrescenta que, em sua opinião, o financiamento público vai gerar perante a esse “eleitor viciado”, que seria a grande maioria, uma ideia de que todos os candidatos terão acesso a dinheiro público com facilidade.
Pela proposta em análise, haverá uma lista de votação feita pelos partidos nas eleições legislativas. Mas os votos dados para cada candidato poderão modificar a ordem dessa lista.
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