É sob o sol do meio-dia que os irmãos João* e Iracema*, de 10 e 13 anos, trabalham limpando vidros nos semáforos da Avenida Antônio Carlos Magalhães para conseguir, ao final do dia, dinheiro para comprar o pão que vai alimentar a mãe e os quatro irmãos. Moradores da comunidade da Polêmica, em Brotas, os jovens estão, desde 2011, fora das salas de aula. Na família dos dois, esta realidade é comum: nenhum dos irmãos está regularmente matriculado na escola.Segundo João, a decisão de afastar os filhos da escola partiu da própria mãe, vendedora de água mineral nos semáforos, que, ao se separar do marido, precisou que os filhos trabalhassem para "ajudar a colocar comida dentro de casa". Hoje, o menino diz não sentir falta da escola. "Aqui também brinco e tenho amigos. Sei até fazer conta de multiplicar e dividir, de cabeça", gaba-se. Já Iracema conta que tem vontade de retornar à rotina escolar: "Eu gostava de fazer o dever de casa, pintar e de arrumar a minha mochila todos os dias.Hoje, não tem mais jeito, tenho que vir trabalhar. Mas minha mãe disse que ano que vem a gente vai voltar".
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