Em telefonemas aos líderes partidários, a ministra Ideli Salvatti, coordenadora política de Dilma Rousseff, tenta entender o apagão que levou à primeira grande derrota do governo no plenário do Senado.
Um dos senadores contactados, Blairo Maggi (MT), líder do PR, facilitou a vida de Ideli. Disse-lhe que o Waterloo do Planalto é de fácil explicacão: “No meio das conversas de plenário, todos sabiam qual seria o resultado”.
Segundo Blairo, ninguém ignorava que a recondução de Bernardo Figueiredo ao comando da Agência Nacional de Transportes Terrestres seria derrubada. Ainda assim, “nenhum líder tomou providências para que o desfecho fosse diferente.” A votação poderia, por exemplo, ter sido adiada.
O comandante da tropa do PR expôs a Ideli, de forma crua, algo que os “aliados” do governo só admitem na escuridão do anonimato: os mandachuvas do consórcio governista impuseram a Dilma uma derrota proposital.
Na versão de Blairo, o placar do Senado –36 a 31, mais uma abstenção— não reflete uma aversão ao indicado por Dilma, mas ao governo dela. “O que tivemos aqui não foi questão de aceitar ou não o nome de Bernardo Figueiredo. A rejeição foi um fato político, não algo pessoal.”
“Todo mundo percebeu qual foi o jogo político”, declara Blairo. Para ele, não resta ao governo senão “compreender o que está acontecendo no Senado e na Câmara”. Sob pena de sofrer novas derrotas em temas ainda “mais relevantes para os interesses da União”.
O partido de Blairo ocupa sete assentos no Senado. O líder jura que apenas um de seus “liderados” votou contra a indicação de Dilma para a agência de transportes. Algo de difícil comprovação, já que a votação foi secreta.
Blairo preocupa-se em enfatizar a posição de sua legenda desde que foi excluída do comando do Ministério dos Transportes: “Meu partido não está na base do governo, é independente”, diz.
Acrescenta: “Mas, na indepndência, conseguimos entender o que é importante para o país. E o Bernardo Carvalho conhece o setor de transportes. Merecia ficar no cargo.” * Josias de Souza
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