Rayder Bragon - Do UOL, em Belo Horizonte
Acusada de tramar a morte do pai por seguro de R$ 1,2 milhão, em Minas Gerais, a estudante Érika Passarelli Vicentini Teixeira, 30, estava atuando como garota de programa em um bordel localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Segundo o delegado Bruno Wink, responsável pela prisão da mulher, há pelo menos dois meses ela estava no local, onde faturava R$ 2,5 mil por semana. “Ela disse que trabalhou somente neste local, mas tivemos informação de que ela teria trabalhado anteriormente em mais outros dois bordéis do Rio”, explicou.
De acordo com o policial, ela demonstrou muita surpresa no momento da prisão, feita na madrugada desta quinta-feira (29), por policiais civis mineiros. Vicentini foi transferida para Belo Horizonte e apresentada na manhã de hoje no Departamento de Investigações de Minas Gerais. A mulher, que cultivava os cabelos loiros, surgiu com nova aparência. Os cabelos estavam compridos e pintados de preto.
Descrita por delegado como uma pessoa “fria” e “perigosa”, Wink disse que Passarelli utilizou-se de documentos falsos nos quais constava o nome de “Karina’. A mulher, no entanto, usava o nome de “Pati”, quando atuava no bordel. Ainda conforme o policial, ela negou as acusações e atribuiu a morte do pai a cabo da Polícia Militar mineira, pai de um ex-namorado, que segundo a polícia, ajudaram-na na morte de Mário José Teixeira Filho, 50.
O crime ocorreu em agosto de 2010, na BR-365, próximo à cidade de Itabirito (55 km de Belo Horizonte). O cabo e filho, presos em Belo Horizonte, foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público, no ano passado. De acordo com as investigações, a estudante era a única beneficiária de três apólices em nome do pai. Somadas, elas chegavam ao valor de R$ 1,2 milhão.
Ainda conforme a polícia, inicialmente, o pai da mulher estaria de acordo com esquema para tentar fraudar as seguradoras, simulando a própria morte. Segundo a polícia, No entanto, conforme as investigações, desentendimento entre os dois levou-a a planejar matar o pai, com a ajuda da dupla.
Fuga
O delegado Bruno Wink disse que Passarelli, durante o período em que foi considerada foragida da Justiça – desde fevereiro do ano passado – ficou escondida inicialmente em um hotel de Belo Horizonte. Em seguida, a mulher teria fugido para o Rio.
“Ela disse que depois da estada nesse hotel foi direto para o Rio de Janeiro,” afirmou o delegado. No entanto, o policial disse ter tido informações de que ela percorreu alguns Estados brasileiro na sua fuga. As investigações sobre o paradeiro dela se intensificaram no Rio desde então.
“Nós já tínhamos ido ao Rio de Janeiro por duas vezes. Mas ontem tivemos uma informação bem mais concreta. Estivemos no local e, depois de um tempo, a visualizamos dentro do bordel. Ela morava nesse local”, revelou.
Wink disse que Passarelli será levada para o Ceresp (Centro de Remanejamento do Sistema Prisional) centro-sul. Contra ela havia mandado de prisão preventiva expedida pela Justiça de Itabirito (MG). Ainda está sendo decidido se ela será encaminhada para a cidade mineira.
Histórico de delitos
Na esteira do caso surgiu a denúncia de que a estudante também faria parte esquema de tráfico internacional de crianças. A informação, repassada por testemunha à polícia, está sendo investigada pelo delegado Wagner Pinto, chefe da Divisão de Crimes contra a Vida, responsável pelo caso. A mulher também é acusada pela polícia de aplicar golpes em estabelecimentos comerciais de Belo Horizonte.
Ainda pesa contra ela acusação de que teria aplicado golpe em um taxista da cidade de Ouro Fino, no sul de Minas Gerais. Segundo a polícia, Érika Teixeira é suspeita de ter recebido R$ 165 mil por venda de uma casa na cidade, mas que na realidade pertencia à avó. Segundo as investigações, a estudante não tinha procuração para intermediar a venda nem a escritura foi repassada ao comprador.
Em outra frente, a mãe da estudante é investigada por suspeita de participação na morte de uma mulher que foi companheira do pai de Érika. O crime ocorreu em agosto de 2003, na cidade de Ibirité, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte. Júnia Rodrigues da Cruz foi encontrada morta com perfurações de bala, no bairro Guanabara, situado no município.
Em seguida à morte, conforme as investigações, Mara Lúcia Passarelli Vicentini, ex-mulher de Mário Filho, foi munida de uma procuração a uma agência bancária e resgatou joias que haviam sido penhoradas pela vítima. À época, o penhor havia sido calculado em R$ 25 mil. De acordo com a mulher, ela teria sido obrigada pelo ex-marido a retirar as joias.
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