A mancha espalhada na Bacia de Campos
Será nescessário investir muito na segurança da indústria do petróleo que terá que se reinventar para a exploração do pré-sal.
Segundo especialista, tolerância com vazamentos e pequenos acidentes não pode se repetir.
Segundo especialista, tolerância com vazamentos e pequenos acidentes não pode se repetir.
Engenheiro da USP afirma que estudos existentes não garantem 100% de conhecimento sobre a área dos poços.
O segundo vazamento descoberto no Campo de Frade, na Bacia de Campos, põe em xeque muito mais que a operação da Chevron e a exploração naquele pedaço da costa brasileira. A forma como são gerenciados os riscos ao longo do litoral, às vésperas do início da exploração da camada do pré-sal, são, para o economista Ronaldo Seroa da Mota, coordenador de Estudos Ambientais do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o X da questão para esse setor da economia. A sequência de acidentes recentes – desde novembro, quando ocorreu o primeiro desastre da Chevron, o Brasil registrou pequenos vazamentos todos os meses – não deixa dúvida, para o especialista, de que o padrão de segurança atual não atende ao mínimo necessário para a camada do pré-sal.
“A pergunta que o mercado e a comunidade internacional se fazem é: como o Brasil pretende proteger o mar, para explorar os milhões de barris do pré-sal”, afirma Seroa da Mota. “Se há algo de bom no caso dos vazamentos da Chevron, acredito que seja a oportunidade de colocar em xeque o sistema regulatório da plataforma marítima. Mesmo que os vazamentos de agora sejam pontos fora da curva, sinalizam que podemos ter um desastre de grandes proporções sem um marco regulatório ambiental efetivo”, defende.
“A pergunta que o mercado e a comunidade internacional se fazem é: como o Brasil pretende proteger o mar, para explorar os milhões de barris do pré-sal”, afirma Seroa da Mota. “Se há algo de bom no caso dos vazamentos da Chevron, acredito que seja a oportunidade de colocar em xeque o sistema regulatório da plataforma marítima. Mesmo que os vazamentos de agora sejam pontos fora da curva, sinalizam que podemos ter um desastre de grandes proporções sem um marco regulatório ambiental efetivo”, defende.
Estabelecer um patamar seguro da exploração offshore vai muito além do dimensionamento do aparato de segurança. Para extrair petróleo de reservatórios situados quilômetros abaixo do solo, o país e as empresas que vão operar na camada do pré-sal terão que se adequar a um nível de controle de risco ainda inexistente. “Isso implica em um conceito completamente diferente do que é segurança na exploração offshore. A comparação que podemos fazer é com os níveis de segurança da aviação civil, que recorre a vários sistemas de backup, redundância e um erro estatístico zero. A mudança é necessária porque, no caso do pré-sal, não há como atingir de forma rápida, nem identificar facilmente as origens de um possível acidente. Ou seja: não dá para considerar que, em caso de vazamento, a empresa faz um trabalho de dispersão e considera que parte do óleo será absorvido pela natureza. Nas dimensões do pré-sal, isso não é mais aceitável”, explica o economista. * Leia mais AQUI a reportagem de João Marcello Erthal e Cecília Ritto na veja.abril.com.br
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