247 – O inquérito sobre a morte de Grazielly Almeida Lanes, de três anos, que morreu atropelada por um jet ski na praia de Bertioga (SP), em 18 de fevereiro, receberá uma nova análise, desta vez pela Seccional de Santos, instância superior a que estava. Na manhã de hoje, o caso foi concluído pelo delegado de Bertioga Maurício Barbosa, sem que ninguém fosse indiciado, mesmo após dez testemunhas prestarem depoimento.
Antes que o inquérito seja enviado à Justiça e termine sem castigo, porém, o delegado-geral da Polícia Civil Marcos Carneiro Lima interveio no caso e o enviou para Santos, segundo ele, devido à complexidade e repercussão do caso. Na seccional, o documento será analisado pela promotora Rosana Colletta, que terá 15 dias para chegar a uma conclusão após o recebimento do inquérito.
Entre os envolvidos no caso, estão o adolescente de 13 anos que pilotava a embarcação – apesar de ser responsabilizado pelo acidente, o menor não pôde ser indiciado. O caso também deve ser encaminhado ao Ministério Público e à Vara da Infância ainda nesta terça-feira. Entre outros entrevistados estão os pais do adolescente, seus padrinhos – família do poderoso empresário Zé Cardoso, dona do jet ski e da casa onde ele estava hospedado, na Riviera de São Lourenço – os pais e um tio de Grazielly.
Leia abaixo matéria publicada pelo 247 em 27 de fevereiro, quando previmos que o crime seria sem castigo:
Caso Grazielly caminha para ser crime sem castigo
A empresária Ana Júlia Cardoso, proprietária do jet ski e madrinha do adolescente suspeito de ter atropelado e matado a menina Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, pediu perdão à mãe da criança. O acidente aconteceu na Praia de Guaratuba, em Bertioga, no sábado de carnaval (18).
Em entrevista ao Fantástico, ela afirmou que o menino utilizou o veículo sem autorização dela e do marido, José Augusto Cardoso, porque o afilhado é um menino que "só faz o que quer".
Em depoimento à polícia, o jovem disse que foi autorizado pelos padrinhos a usar a embarcação. Testemunhas disseram que viram o jet ski sendo entregue ao menino e a um amigo por um adulto, que seria o caseiro dos Cardoso. Ana Júlia confirmou a versão do funcionário, que nega o envolvimento no caso.
Após o atropelamento, o adolescente, a mãe e o amigo fugiram do local sem prestar socorro. A família Cardoso também não fez nada para ajudar a menina.
Os Cardoso administram a Empreiteira Pajoan, prestadora de serviços no setor de coleta de lixo que coleciona irregularidades e dezenas de multas aplicadas pela Cetesb, mas que mesmo assim mantém ativo seu aterro na cidade. José Augusto Cardoso e a mulher Ana Júlia pretendem concorrer à prefeitura de Suzano pelo PSDB esse ano.
Mesmo assim, o crime pode ficar sem castigo. O rapaz não pode ser preso, por ser menor de idade. Responsável pela defesa do adolescente, o advogado Maurimar Bosco Chiasso já deixou claro como vai tentar livrar de punição o menor e seus pais – família abastada de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Em coletiva à imprensa, disse que o homicídio culposo, registrado pela polícia, é na verdade um “fatídico acidente”.
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